O músico Barceló de Carvalho “Bonga” mostrou-se satisfeito por continuar a preservar os valores tradicionais angolanos, através das suas músicas, apesar de residir fora do país há mais de 30 anos.
Em entrevista publicada na edição de Fevereiro do Jornal Mwangolé, afecto à Embaixada de Angola em Portugal, Bonga defende ser importante a continuação da defesa dos valores culturais angolanos, pelo facto de Angola ser “uma riquíssima e inesgotável fonte”, motivos que, segundo conta, “alimentaram” os seus 40 discos em 40 anos de carreira.
“O facto de vivermos na Europa não quer dizer que vivamos como europeus”, disse, rematando que “sempre vivi como angolano, mesmo passando a maior parte da minha fora do país e defendi sempre as nossas bases culturais tradicionais”. Para isso, adianta, “é preciso muita coragem e persistência, e fi-lo com brio patriótico, a cantar o semba e em kimbundo, legados deixados pelos nossos kotas do passado”.
Na referida entrevista, em que se debruça, entre outros, do percurso musical, do futuro do ritmo semba face a ascensão do kuduro, da internacionalização da música angolana e do seu regresso definitivo ao país, Bonga defende a imutabilidade do semba.
Exemplificando que “o tango vai ser tango toda a vida, porque os argentinos resistiram, assim como o rock, porque os europeus e americanos têm personalidade”, sustenta que “o semba de Angola será sempre o semba angolano”.
“Porque mudar o semba quando há cantores estrangeiros que cantam comigo, porque o semba é de Angola e é muito forte?”, interroga-se.
Quanto à internacionalização da música angolana, apoia a ideia, mas pede que “não metamos os carros a frente dos bois”, pois é importante que haja “mais empresários sérios e credíveis que promovam os artistas para actuarem no interior e exterior do país”.
Bonga admite não regressar já definitivamente ao país, porquanto, “quando se tem uma longa carreira, com imensos convites para cantar pelo mundo, é complicado estabelecer-se em Angola”.
“Semanalmente, sou solicitado para cantar em vários cantos do mundo, o que seria difícil se estivesse a viver em Angola, por questões de deslocações”, justifica-se na entrevista que dá capa à edição do referido jornal.
O Jornal Mwangolé, com 20 páginas, é uma edição mensal dos serviços de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal e é dirigida essencialmente para as comunidades angolanas residentes em várias localidades portuguesas.
O mesmo tem servido de veículo entre as várias camadas da diáspora angolana em Portugal, mantendo-se actualizadas com os momentos de desenvolvimento e crescimento que o país vai tendo em diversos domínios.
Com Angop