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    Engenheiro Civil Manuel Resende de Oliveira afirma que “Luanda é o pior sítio para se viver em Angola”

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    Por: Iraneth da Cruz

    Fonte: Jornal de Angola

    “No que diz respeito à arquitectura, Luanda transformou-se num desastre. Onde havia vivendas surgiram prédios de 15 a 20 andares. Não há espaço para estacionamentos, as vias de comunicação não são suficientes para o tráfego e isso resultou numa situação muito difícil,” palavras do engenheiro Manuel Resende de Oliveira ministro do Urbanismo, Obras Públicas e Habitação no primeiro Governo de Angola independente.

    Aos 82 anos, revela-se uma autoridade para falar das obras no país, sobretudo, na capital, que considera um lugar “quase ingovernável”. O engenheiro saúda, contudo, o Plano Director Metropolitano de Luanda, que diz ser um “instrumento de grande valia”. À entrevista com o homem que chegou a Angola em 1963 e dirigia a construção de 36 pontes.

    Para um melhoramento e qualidade de vida para os habitantes, Manuel Resende diz que para Luanda ser ordenada, teria que haver muita gente a sair daqui para ir habitar noutros locais, onde tivesse melhores condições de vida. “Nunca uma saída compulsiva, mas voluntária, pois é possível viver melhor noutros locais que não Luanda. Digo mesmo que hoje Luanda é o pior sítio para viver em Angola. Está certo que a guerra foi um factor extremamente negativo, mas não explica tudo. Acho que a guerra e o petróleo foram os grandes males que Angola teve. Em relação à guerra, não há que dar explicações, pois é uma verdade insofismável. Mas em relação ao petróleo, já não. Toda a gente, sobretudo a classe dirigente, baseou-se no petróleo para traçar programas, esquecendo-se de tudo o resto: agricultura, pescas, indústria transformadora, extractiva, enfim, tudo aquilo que fazia de Angola um país com um papel importante em toda a África Austral ou mesmo em todo o continente, pelas suas imensas potencialidades,” frisou.

    Sobre as centralidades em Luanda, Manuel Resende de Oliveira se questionou: “Ora, o que se pretendeu com a construção das centralidades?! Criar alojamento, habitação para as pessoas e para que tipo de pessoas?! Foi isso ou mais do que isso?! Pensou-se que as centralidades eram para resolver a habitação social?! Não há habitação social num décimo andar, porque os custos de viver num prédio de 15, 20 ou mais andares, onde os elevadores não funcionam, o abastecimento de água, bombagem, custos do condomínio e tudo isso não é pensável que uma centralidade possa ser um local para habitação social. Definitivamente, as centralidades não são para resolver os problemas da habitação social, não têm características para isso. Por isso, não me atrevo a idealizar Luanda, porque, no estado em que ela está, vai ser preciso partir muita coisa para ser fazer uma Luanda, uma cidade do futuro, governável, onde haja qualidade de vida, onde as pessoas tenham prazer de viver. Hoje, Luanda não tem nada disso. Está de tal modo deformada, que, para endireitar, sinceramente, acho que era preciso haver aqui operações extremamente traumáticas e isso vinha causar outro tipo de problemas, que não sei se era viável ou não pensar nisso.”

    Questionado sobre se a fiscalização que existe em Angola se é ou não credível Manuel Resende de Oliveira contou que muitas dessas fiscalizações foram fabricadas, foram postas lá muito a pressa; foram constituídas empresas às quais foram adjudicadas essas fiscalizações. “Empresas de “importação e exportação” sem “know how”, técnicos incapazes e sem prova nenhuma de capacidade, mas lhes foram entregues obras, através do sistema que agora se chama de “contratação simplificada”. Uma situação com todos os condimentos para o surgimento de muitas inconformidades nas obras. É verdade, eu tenho uma obra qualquer, sou eu que decido quem vou lá fiscalizar um primo ou amigo e não há responsabilização absolutamente nenhuma.”

    Para finalizar a entrevista concedida ao Jornal de Angola, fizeram-lhe a seguinte questão: O Laboratório de Engenharia cumpre, na plenitude, o papel que lhe está reservado? “O Laboratório de Engenharia, pelos reflexos que a sua actuação teve no passado, esteve muita limitada. A sua acção não se fez sentir, por falta de capacidade, falta de meios; por não ser necessário, porque também era um órgão de fiscalização, nomeadamente das obras públicas que, se calhar em muitos casos, não interessava. O Laboratório de Engenharia é o principal fiscal das obras públicas e a sua acção é, nomeadamente: aferir a qualidade, os ensaios do material que é aplicado, ensaios finais, tudo isso. O Laboratório é um órgão fundamental da fiscalização. Nas últimas decisões que foram tomadas pelo Ministério da Construção, há, nitidamente, o regresso do Laboratório ao seu papel que sempre deveria ter tido e que, durante muitos anos, deixou de ter e isso hoje é sentido.

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