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    Mãe relata dilema de optar entre cirurgia pioneira ou perder filho

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    Lee McMillan (Imagem: BBC)

    A mãe de um adolescente britânico de 13 anos contou à BBC sobre o dilema que viveu ao ter de optar entre uma cirurgia pioneira e arriscada, que só havia sido feita uma vez em uma criança, ou perder o filho.

     

    “Perdê-lo ou permitir que eles corressem o risco e fizessem a cirurgia”.


    A difícil decisão – permitir que os médicos fizessem a operação – acabou salvando a vida de Lee McMillan, que vive com os pais na cidade de Litherland, perto de Liverpool, no oeste da Inglaterra.

    Em maio último, numa sexta-feira, Lee voltou da escola dizendo que estava com dor de cabeça. Três dias mais tarde, começou a ter convulsões.

    No hospital, para onde foi levado às pressas, os médicos constataram que o adolescente tinha encefalite, uma inflamação nas membranas que envolvem o cérebro.

    Menos de uma semana depois, Lee McMillan, campeão de boxe da escola, entrou em coma.

    “Foi horrível, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo”, disse sua mãe. “Um menino chega da escola em uma sexta-feira com dor de cabeça e depois está à beira da morte, não parecia verdade”.

    Mesmo que Lee sobrevivesse à cirurgia pioneira, não havia garantias de uma recuperação total.

    Os médicos não sabiam se Lee sofreria danos no cérebro ou se voltaria a andar ou falar novamente.

    “Olhar para ele, deitado naquela cama, e decidir o que fazer”, reflete Tracy Jennings, “acho que é a coisa mais difícil para qualquer pai”.

    “Mas foi o que tivemos de enfrentar. Deixar que ele se fosse ou permitir que arriscassem e fizessem a cirurgia”.

    “Como é um caso raro, não tínhamos referências para fazer comparações e dizer ‘aconteceu para esta pessoa e veja como ela está agora'”.

    Cirurgia Pioneira

    Na maioria dos casos, a encefalite tem causas virais. Ela pode ser provocada por diferentes tipos de vírus, entre eles, os arbovírus e os vírus da herpes e da catapora.

    A inflamação pode ser assintomática ou pode ser acompanhada de sintomas típicos da gripe, como dor de cabeça, febre e dores musculares. Em casos mais graves, ocorrem convulsões.

    A médica Rachel Kneen, neurologista pediatra do hospital Alder Hey, em Liverpool, é uma sumidade no tratamento de encefalite na Grã-Bretanha.

    “Foi o pior caso de encefalite que já vi. Apesar de todos os tratamentos apropriados, remédios e cuidados, ele continuava piorando”, disse Kneen à BBC Brasil. “O lobo temporal direito do cérebro de Lee estava tão inchado que as áreas centrais importantes, que controlam a respiração e nos mantêm vivos, começavam a ser pressionadas”.

    Após três dias na UTI, a condição de Lee atingiu um estado crítico.

    Consultando a literatura médica sobre o assunto, Kneen e seu marido, o neurologista Tom Solomon – o casal pesquisa infecções do cérebro no Institute of Infection and Global Health da University of Liverpool – se depararam com o caso de uma menina de seis anos que tinha sido curada de encefalite por meio de uma cirurgia pioneira feita na Espanha.

    O problema é que este era o único caso descrito na literatura de um procedimento deste tipo em uma criança. A operação, chamada lobectomia, também foi realizada em adultos, mas apenas duas vezes, segundo registros.

    “Do ponto de vista cirúrgico, o procedimento não é difícil”, explicou Kneen. “A decisão de operar, sim”.

    A especialista explicou que Lee McMillan é canhoto, portanto havia uma grande chance de que o lado direito do seu cérebro fosse responsável por controlar funções como a memória de curto prazo, a fala e a orientação espacial.

    “Sabíamos que, se sobrevivesse, Lee poderia apresentar deficiências graves. Não sabíamos, por exemplo, se ele seria capaz de falar, ou de se vestir”.

    Depois de conversar com os pais, a equipe decidiu seguir em frente com a cirurgia. O neurocirurgião Conor Mallucci realizou a operação.

    Tom Solomon explicou o procedimento: “O cérebro (do paciente) estava tão comprimido que nosso cirurgião teve de remover parte do crânio e retirar o tecido cerebral infectado. Aquilo criou espaço para que o resto do cérebro se recuperasse”.

    ‘Muito melhor’

    Lee recuperou a consciência após três dias. Dois meses mais tarde, ele surpreendeu os médicos por ser capaz de andar, falar e até arriscar algumas manobras de boxe no quarto do hospital.

    A doutora Kneen disse que o impacto total da operação só poderá ser avaliado um ano após a cirurgia. Ela disse que a memória de curto prazo de Lee foi um pouco afetada, mas explicou que hoje há várias tecnologias que ajudam pacientes a conviver com esse tipo de problema.

    “Existem pagers que lembram a pessoa sobre as tarefas do dia, ou diários eletrônicos onde você registra o que fez”, explicou.

    Agora, o adolescente está indo para casa.

    “Eu costumava sentir muita dor de cabeça, mas não tenho dor de cabeça há muito tempo”, ele conta. “Estou muito melhor agora”.

    Lee diz que está louco para rever os amigos e voltar para o boxe.

    Olhando para o filho, a mãe comenta:

    “Quando vejo Lee agora, (sei que) tomamos a decisão certa, mas é (uma escolha) que eu não desejaria para ninguém”.

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