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    “O país tem que fazer bola para a frente” – diz o rapper MCK

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    O rapper angolano MCK

    Numa entrevista concedida à DW África por ocasião do décimo aniversário da paz em Angola, no dia 4 de abril, MCK fala sobre o desenvolvimento social e humano do seu país.

    O jovem músico costuma provocar “amargos de boca”  com as suas letras críticas. Licenciado em Direito, produtor e promotor, MCK é também fonte de inspiração para muitos músicos da mesma geração ,  Em conversa com a DW África MCK fez o balanço das conquistas em Angola nos últimos dez anos:

    MCK: Foi o reanimar da vida espiritual e a capacidade de planeamento dos cidadãos. Ou seja, a reconstrução da vida espiritual. Durante muito tempo o cidadão angolano viveu o hoje, o agora e o imediato. Sem capacidade para planear nada. Então com o fim das hostilidades militares, a primeira grande vantagem é que o angolano deixou de morrer por uma razão injustificada.

    Segundo, a possibilidade de paramos de gastar dinheiro com a guerra, a possibilidade de já não morrermos por causa da guerra, a possibilidade de começarmos a planear uma vida e de direcionarmos esses valores gastos na guerra para outros setores da vida social e política.

     

    O grosso da população angolana vive na pobreza

    O grosso da população angolana vive na pobreza

    DW África: A seguir à paz, Angola viveu um dos maiores crescimentos económicos de todos os países do mundo. Mas apesar disso há muitas críticas. Os angolanos continuam a viver na pobreza. Como explica essa falta de dividendos da paz para muitos?

    MCK: O crescimento do país foi mais quantitativo do que qualitativo. E não foi um crescimento direcionado à pessoa humana (sic). O homem foi posto de parte.

    O que é cresceu em Angola nestes últimos anos? Com o aceleramento do PIB assistimos ao enriquecimento de um grupo de pessoas muito reduzido, de pessoas que se tornaram muito ricas, e o crescimento de fosso em relação à grande maioria. E as poucas coisas que cresceram foram as infraestruturas, o chamado crescimento de betão. Assistimos, nos últimos anos, por exemplo, à explosão das universidades. E paralelamente assistimos também á degradação do ensino.

    Do meu ponto de vista o crescimento deve ter duas vertentes: a relação quantidade/qualidade e benefício/custo. Não houve essa dinâmica, não houve esse acompanhamento. Só houve um crescimento de betão como por exemplo na urbanização de Kilamba, que hoje serve como cartão postal turístico para receber diplomatas internacionais.

    O presidente fez uma promessa pública e a promessa pública tem um valor jurídico. Disse que as casas iriam ser comercializadas ao preço de 60 mil dólares, quando a casa mais barata custa 125 mil. Não faz sentido. O crescimento não pode ser de betão.

    O que tem que crescer é o nível de qualidade de vida. As pessoas sentirem que podem mais, que têm mais pão em casa, mais arroz, têm mais ensino, têm mais educação, têm mais saúde. De modo a permitir que cada um de nós na sua área de formação, na sua área de atuação, ofereça um contributo para a edificação de uma Angola melhor.

     

    A polícia dispersa manifestantes em Benguela

    A polícia dispersa manifestantes em Benguela

    DW África: Os recursos naturais que abundam em Angola como o petróleo e os diamantes, são, a seu ver, uma bênção ou uma maldição para o país?

    MCK: Houve alguém que disse uma vez: “Deus abençoou Angola no sentido de nos oferecer potencialidades em recursos naturais, sendo os mais conhecidos o petróleo e diamantes, mais mas esqueceu-se de nos dar juízo. Então acho que pode ser uma faca de dois gumes.

    Foram esses dois bens que patrocinaram a guerra e a destruição de Angola. São esses dois bens, por exemplo, que hoje, por intermédio da corrupção tornam os angolanos mais pobres, enriquecendo uma pequena minoria. Então nesse sentido é a vontade política que vai determinar se essa bênção de Deus vem para o bem ou para o mal das pessoas.

    DW África: Como compara o estado da liberdade antes do fim da guerra e nos dias de hoje?

    MCK: Hoje eu acho que temos uma liberdade nominal maior. Temos mais instrumentos, mais ferramentas de intervenção na vida política, temos mais conhecimento, temos potencialmente, ao nível legal mais diplomas que regem e que alargam nominalmente o conjunto de liberdades fundamentais e alguns direitos dos cidadãos.

    Mas o contexto político é mais privado. Ou seja, tu tens mais imprensa, mas tens um único dono. Então a informação é mais condicionada, apesar de teres a nível de número mais. Mas tens menos liberdade. Tens mais ferramentas, como o artigo 47º, que permite a manifestação e que diz que ela carece de uma mera comunicação, mas a realidade social é completamente diferente. Sendo que quando os de manifestantes vão à rua são reprimidos violentamente.

    DW África: Qual seria o seu desejo para Angola nos próximos dez anos?

    MCK: Quero ver esse país onde eu nasci como um sírio bom para se viver, onde os angolanos podem ter oportunidades iguais, onde os angolanos se podem sentir felizes e realizarem o seu sonho dentro da sua própria terra, sem terem a necessidade de emigrar. E é aqui em Angola que eu quero viver nos próximos 50 anos, se Deus der vida.

     

    Para  MCK, a canção dos dez anos de paz teria que ser sobre "o amor, o respeito e, sobretudo, a união"

    Para MCK, a canção dos dez anos de paz teria que ser sobre “o amor, o respeito e, sobretudo, a união”

    DW África: Qual seria a sua canção para uma espécie de balanço destes dez anos e olhando para o futuro?

    MCK: Seria uma canção de tolerância, precisamente porque estamos a viver um momento de muitas agitações e de muita intolerância política. Como é um ano eleitoral, era bom que as pessoas respeitassem o próximo. Seria uma canção de amor, respeito e, acima de tudo união.

    Independentemente das cores partidárias, independentemente das regiões onde nascemos. Juntemos os braços e pensemos que existe algo mais do que as nossas convicções. Esse país tem que fazer bola para a frente!

     

     

    Autor: Manuel Vieira (Luanda)

     

    Via: http://www.dw.de/dw/article/0,,15842554,00.html

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