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    Sucessos de hoje na música de ontem

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    Paulo Flores, Yuri da Cunha, Eddy Tussa, Legalize e Dog Murras estão na linha da frente, quando a abordagem é o sucesso de versões, que resultaram de recolhas de temas antigos, no estilo semba. Mas é Coreón Dú que no duplo álbum “Marcas de Angola”, junta 38 canções que foram “êxitos dos últimos 50 anos da música angolana”.

    David Zé gravou há muitos  “Rumba Zá Tu Kine” (“Vamos Dançar Rumba”), cantada em kimbundo. Paulo Flores e Yuri da Cunha cantaram uma versão deste tema. A música está no disco “Sembas”, do triplo álbum de Paulo Flores denominado “Ex-Combatentes”, publicado em 2009.

    Paulo Flores também cantou “Izua Iosso” (“Todos os Dias”), original de Jújú Tony, incluído no disco “Recompasso”, de 2001. Ele lembra que foi dos primeiros a fazer recurso ao passado. “Hoje, a nova geração conhece e deve conhecer os cantores antigos e respeitar o cancioneiro angolano”.

    Yuri da Cunha tem em Paulo Flores mais do que mero companheiro no dueto para a canção “Rumba Zá Tu Kine”. A relação entre ambos vai muito mais longe. Talvez seja por isso que o autor de “Kuma Kua Kie” comunga dos mesmos princípios que o outro, na hora de justificar a viagem ao passado.

    “Quando canto, vou, acima de tudo, à busca de mim. Canto o que sinto, sem influência alguma. Só depois vou à procura do conjunto Ngola Ritmos, Artur Nunes, David Zé, Bonga, Carlos Burity e Paulo Flores. E quando canto o passado, é também para comparar.”

    Yuri da Cunha teve em Artur Nunes o objecto de uma das suas recolhas. No seu álbum “Eu”, de 2005, o jovem cantor encontrou espaço para “Njila Ya Cuaco”. Embora aplauda a vontade dos cantores da nova geração de interpretar temas do passado, Yuri da Cunha aponta erros. Para ele, só alguns fazem o resgate da música do passado. Muitos limitam-se a cantar.
    “A intenção ou a vontade que todos têm de cantar o passado é um bom começo, na valorização do que é nosso. Mas o verdadeiro resgate não é apenas cantar; é buscar os elementos, os conhecimentos sobre a música, o estilo. O intérprete deve valorizar mais a música, com consultas a veteranos como Carlitos Vieira Dias, Joãozinho Morgado e outros que conheceram e viveram o passado”.

    O cantor critica os colegas da profissão por apenas estarem preocupados com o sucesso na rádio, na televisão e nas discotecas. “Por exemplo, na época em que foi criado o tema ‘Muxima’, o seu autor não estava preocupado se a canção ia bater”.

    Aos 34 anos, Eddy Tussa é dos intérpretes da nova “geração do semba” que mais recorreu ao passado. O seu primeiro disco a solo, denominado “Izenu Mu Tale” (“Venham Ver”), lançado no ano passado, é 50 por cento preenchido com o que ele chama “música dos kotas”. O cantor deu nova roupagem a cinco temas: “Nzenze” e “Kikola”, de Prado Paím; “Mona Ku Gimbe” (David Zé); “Soba” (André Mingas) e “Njinvunda” (Maró Ribas).

    “Desde que decidi seguir carreira a solo no semba, o meu lema é valorizar a música angolana, a nossa cultura. E isso passa por resgatar o que os nossos “kotas” fizeram. Hoje somos jovens e amanhã seremos idosos. Era bom que dentro de 50 anos, a nossa música fosse ouvida e tocada pelas gerações vindouras. Para isso, é preciso um trabalho de continuidade. E eu estou a fazer isso”.

    Eddy Tussa começou a carreira artística num grupo de rap, o “Wanderfull One”. Mudou-se para o semba, por ser um género que sempre o fascinou.     
    Ele nasceu em 1977 e, antes de ouvir o rap, nos anos 90, teve influência do pai, que ouvia muita música angolana. Hoje, o seu primeiro disco a solo comprova que entrou para o semba pela porta da frente.

    Dia de festa

    O tema “Nvula Si Yo Casse”, original de Kinito, foi gravado por Legalize no disco “Dia de Festa”, do DJ Du Marcel, publicado em 2009. “As meninas de agora querem muitos parceiros” é o que diz o coro da música de Kinito.

    “Nasci nesta cultura, a ouvir estas músicas, no Rangel. Estou a despertar os mais novos, que não conheceram David Zé, Urbano de Castro ou Artur Nunes, entre outros músicos do passado. Hoje, a nova geração sabe que eles existiram, também, porque o Legalize interpreta músicas deixadas por eles”, diz o cantor e compositor.
    Legalize canta  “Gajajeira”, original de Urbano de Castro, incluído no álbum “Picante 3”, do DJ Dias Rodrigues. A canção foi finalista da edição de 2009 do “Top dos Mais Queridos”, concurso da Rádio Nacional de Angola, que distingue os profissionais da música. Legalize nega que estas canções sejam sucessos apenas hoje: “ontem, também foram. Tudo depende da forma como a versão é feita. Se for bem concebida, a aceitação é imediata”.

     

    Dog Murras concede aos mais velhos, os seus autores, todo o mérito pelo sucesso conseguido pelas suas versões: “o sucesso advém, ainda, do facto de serem novas roupagens que incluem um ritmo mais dançante e uma qualidade sonora que permite a valorização dos temas em questão. Tudo se conjugou melhor porque foram regravadas por artistas da nova geração, que têm sabido preservar estes clássicos da música angolana”.

    Marcas de Angola

    O resgate de temas do cancioneiro angolano parece ter atingido uma espécie de cume, com a obra “Marcas de Angola”, trazida à luz no ano passado, pela mão de Coreón Dú, produtor e intérprete. Temas como “Chauffeur de Praça”, original de Luís Visconde, ou “Humbi Humbi”, recolha de Filipe Mukenga, fazem um casamento entre parceiros de gerações e estilos diferentes.
    O duplo álbum “Marcas de Angola” reúne 38 temas. Os sucessos do passado chegam pelas vozes de intérpretes como Hélvio, Karina Santos, Sandra Cordeiro, Matias Damásio, Yola Semedo, Ary, Dany L ou do próprio Coréon Dú.

    A maior parte dos temas do “Marcas de Angola” conserva apenas a letra. A nova roupagem mudou-lhes a música. Os sembas de Carlos Burity, Prado Paím ou Patrícia Faria, a kizomba de Ruca Van-Dúnem, o rap dos SSP ou o kuduro de Nayo Crazy deixaram de o ser. Viraram o que os “experts” costumam chamar “música erudita”. Hoje, estão mais para o jazz, bossanova ou outros ritmos da mesma linha.

    Coreón Dú explica essência desta recolha: “a história e a cultura estão interligadas. Desde a abordagem artística, aos géneros sonoros que existem na música angolana, todos têm a sua origem no nosso passado. O resgate do passado e a sua apresentação aum novo público foi o principal motivo que me levou a produzir o disco com êxitos dos últimos 50 anos da música angolana”.

     

    jornal de Angola 

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