O Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) considera “inimaginável” que, passados 20 anos, num país onde a pobreza afeta 48% da sua população – o equivalente a 19,6 milhões de pessoas -, se tenham verificado “tão poucas transformações nas estruturas económicas e nos sistemas sociais”.
O Relatório Económico de Angola 2021 faz uma avaliação dos últimos 20 anos da economia angolana e o seu impacto na sociedade.
Para o CEIC, este balanço não é positivo, uma vez que, após o fim da guerra civil, o país não conseguiu diversificar a sua economia e transformar o fraco crescimento económico em bem-estar da população.
Segundo o diretor do CEIC, Alves da Rocha, que falava durante a apresentação do referido estudo, quando o centro iniciou a pesquisa, pretendia apurar “o que é que se passou este tempo todo” na economia nacional, sobretudo nos setores financeiro, da agricultura e produtivo.
“Não estávamos a pensar que Angola poderia ser uma segunda China, que fez reformas nos últimos 60 anos e conseguiu tirar da pobreza 700 milhões de cidadãos em 20 anos. Não estávamos à espera de encontrar isso, porque não temos a cultura da China, a disciplina e a sua mentalidade virada para o crescimento económico”, afirmou.
O CEIC estima que a taxa de pobreza monetária de Angola possa estar, com os efeitos da recessão económica e da deficiente distribuição do rendimento no país, entre os 45% e os 46%.
“Assim, o balanço destas duas décadas, após o fim da guerra civil, é claro: fizemos essa análise de 20 anos de todos os programas que o governo implementou e as conclusões que estamos a tirar é que as políticas foram mal delineadas ou não foram suficientes”, pontuou Alves da Rocha.
“Com 20 anos de ‘planos, programas, planinhos e programinhas’, muitas foram as políticas desenvolvidas nas sucessivas legislaturas, mas que, ainda assim, não conseguiram impedir que quase metade da população enfrentasse níveis de pobreza preocupantes”, assinalou.