Angolanos com permanência ilegal na Ucrânia não desejam sair, por receio de serem impedidos de regressar pelas autoridades migratórias ucranianas, depois do fim da invasão daquele país pela Rússia.

A revelação foi feita, segunda-feira (28), por um angolano nesta condição, que decidiu falar ao Jornal de Angola, desde que não fosse identificado na peça jornalística.

“Na Ucrânia, há muitos angolanos em situação migratória ilegal”, afirmou, referindo que, para estarem legalmente no país europeu, têm de sair, para, posteriormente, entrarem com um novo visto.

A saída da Ucrânia de um estrangeiro ilegal tem custos. Quem estiver nesta condição, é obrigado a pagar uma multa, que, de acordo com a fonte, “varia entre os 600 e os 1.000 dólares”.

Por esta razão, avançou, “muitos estrangeiros preferem ficar ilegais e, depois, pagar a multa, quando um dia saírem da Ucrânia”.

A uma pergunta sobre como é a vida de um estrangeiro ilegal na Ucrânia, a fonte respondeu que, “na Ucrânia, ao contrário de outros países europeus, não é assim tão complicado viver ilegalmente”.

A fonte rematou que, na Ucrânia, “vive-se normalmente”, mesmo estando ilegal, podendo trabalhar, mas sem contrato, embora não possa abrir, por exemplo, uma conta bancária, nem obter a Carta de Condução.

O Jornal de Angola teve acesso a uma lista com nomes de angolanos controlados pela liderança da comunidade angolana na Ucrânia e que manifestaram o desejo de sair do país para a Polónia, onde ficarão refugiados enquanto durar o conflito armado.

Sobre esta lista, a fonte disse acreditar que quem não está incluído no documento “só pode ser aquele angolano que não forneceu dados para não ser evacuado”.

“Estão com receio de sair da Ucrânia e, depois, não conseguir regressar, por estarem ilegais”, admitiu a fonte, acentuando que, quando se entra, por exemplo, com um visto de estudante, o período de validade do visto termina no ano em que o estudante conclui a formação.