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    Este robô vai atropelar a Apple?

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    Símbolo do sistema operacional para aparelhos móveis do Google, o robozinho verde aí ao lado está cada vez mais presente nos smartphones. Em dois anos, o Android conquistou a vice-liderança no mercado mais acirrado e lucrativo da telefonia móvel. Hoje, já ameaça o poder do iPhone

    Ramona Rosales

    Steve Jobs tem uma obsessão. Em outubro passado, o CEO da Apple fez uma aparição-surpresa na divulgação dos resultados da empresa. Jobs não costuma comparecer a essas ocasiões. Abriu uma exceção por ser o primeiro trimestre com uma receita de mais de US$ 20 bilhões. Mas seu discurso teve outro foco: em uma fala de cinco minutos, fez 21 menções ao nome do sistema operacional para celulares do Google, o dobro do que destinou ao iPhone, o smartphone da Apple. “Há muitas versões do Android no mercado e o usuário é quem tem de descobrir a melhor. Isso não acontece com o iPhone. Estou certo de que vamos triunfar”, disse Jobs. Foi seu mais recente ataque – e não o último, provavelmente. Antes do lançamento, Jobs já se dizia convicto de que o Android seria um mau negócio para o Google. Em outra ocasião, disse que sua loja online de programas para celulares estava “cheia de pornografia ao alcance de crianças”. Também já duvidou das ótimas vendas do sistema operacional.

    Mas foi em uma reunião a portas fechadas com funcionários, em janeiro último, que o CEO da Apple fez sua declaração mais inflamada: “O mantra do Google, ‘não seja mau’, é um monte de merda. Nós não entramos no negócio de buscas. Eles entraram no negócio de celulares. Não se enganem. Querem matar o iPhone. Não vamos deixar”. Quando um executivo tão brilhante e inovador quanto Jobs resolve partir para o ataque é porque algo especial tem ali, na concorrência.

    Não é preciso ir muito longe para entender o motivo. Há cinco anos, o Android era apenas o produto de uma das várias start ups do Vale do Silício, na Califórnia. O sistema operacional foi criado pelo engenheiro da computação Andy Rubin, 47 anos, para transformar o aparelho celular em um computador de mão que também faz ligações, prático ao navegar na internet e versátil, por rodar vários programas ao mesmo tempo. O Google viu potencial na empresa e comprou-a em 2005, por um valor estimado em US$ 50 milhões. Passou três anos aprimorando o software para só então lançar o primeiro smartphone com o sistema operacional. Não causou grande impacto no início. Foi ganhando estofo até que, neste ano, as vendas engrenaram e fizeram sua participação de mercado chegar a dois dígitos. Em agosto, Eric Schmidt, CEO do Google, anunciou um crescimento de 200 mil novos usuários por dia. “O Android evoluiu muito rápido porque foi adotado por fabricantes-chave, que o levaram para todas as operadoras líderes globais e criaram bons aparelhos para várias faixas de preço”, diz Roberta Cozza, analista da consultoria Gartner. Apenas dois anos após sua estreia, o Android detém um quarto do mercado e é vice-líder absoluto. Essa ascensão fez com que David Lawee, vice-presidente de desenvolvimento corporativo do Google, o considere o “melhor negócio da história” da companhia.

     

    HOJE, 240 SMARTPHONES DIVERSOS UTILIZAM UMA DAS 
    100 VERSÕES CRIADAS PARA O SISTEMA DO GOOGLE

    Ironicamente, esse sucesso não existiria sem Steve Jobs. Foi ele quem criou o iPhone, em 2007. Até então, o mercado de smartphones era apenas uma promessa. Mas o celular inteligente da Apple sacudiu o mercado ao reunir tecnologias de forma inovadora, exibir um design arrojado e ter um modelo de negócios azeitado. Foi o produto que melhor aproveitou o avanço da internet para celulares até então. Isso colocou os smartphones de vez no mapa da telefonia móvel. Sua participação não para de crescer. Em 2009, eram 14,2% do total de celulares vendidos no mundo. Neste ano, até setembro, já respondem por 18,6%. O Android aproveitou este bom momento e pegou carona na Apple, ao trazer uma interface parecida e um ecossistema idêntico, com uma série de desenvolvedores criando e vendendo programas pela internet. Mas o Google não ficou só nisso, e inovou.

    Antes do Android, predominava o uso de sistemas operacionais exclusivos para cada marca. A Apple tinha o iOS. O BlackBerry, o RIM. A Nokia, o Symbian. A exceção era o Windows. Mas a Microsoft exige uma taxa por cada aparelho vendido com o programa e quase nunca permite às fabricantes adaptá-lo (quando autoriza, exerce controle rigoroso). O Google foi na contramão ao disponibilizar o Android para qualquer empresa e não cobrar por isso. O código de programação é compartilhado com os fabricantes, que podem personalizá-lo. Como resultado, há hoje 240 smart-phones diversos, que vêm com uma das 100 versões do Android já criadas.

    O brasileiro Mário Queiroz liderou essa empreitada. O engenheiro eletrônico deixou a HP em 2005 para fazer softwares para a gestão interna do Google, até ser deslocado para cuidar de 20 dos seus centros de desenvolvimento de produtos. O Android passou a ser sua responsabilidade em julho de 2009. “Até então, ele não tinha decolado. A primeira versão era boa, mas ainda precisava evoluir em comparação com a concorrência”, afirma Queiroz, que por seu desempenho à frente da área foi destacado pela empresa para cuidar de sua recente investida na área de TV. “Só depois conseguimos integrar melhor o software ao hardware e lançar aparelhos mais baratos. Aliado à flexibilidade que oferecemos aos fabricantes, isso o fez deslanchar.”

    As falhas dos adversários também ajudaram. A líder Nokia reagiu lentamente às mudanças de mercado. Até o meio da década, as características físicas dos aparelhos eram cruciais. Hoje, o que conta é a experiência oferecida pelo software. “A Nokia subestimou a importância disso. Em uma companhia desse tamanho, é difícil mudar rapidamente”, afirma Andy Castonguay, do instituto Yankee Group, especializado em tecnologia. A fabricante finlandesa perdeu mercado no segmento mais rentável da telefonia celular. Sua participação caiu de 50%, em 2008, para os 36,6% atuais. Isso afetou as margens de lucro e levou a uma troca de comando, em setembro, quando o finlandês Olli-Pekka Kallasvuo deu lugar ao canadense Stephen Elop, ex-diretor da divisão de negócios da Microsoft. Já a Research In Motion, antiga segunda colocada e dona do BlackBerry, pecou ao se concentrar no mercado corporativo e investir pouco nos consumidores finais. “Sua linha de aparelhos ainda é limitada, nada sofisticada e cara”, afirma Roberta Cozza, do Gartner. “A maioria usa só teclado físico. Isso não é atraente para desenvolvedores, porque não funciona para os programas que eles criam, e são esses profissionais que injetam inovação nos sistemas operacionais móveis.”

    Símbolo do sistema operacional para aparelhos móveis do Google, o robozinho verde aí ao lado está cada vez mais presente nos smartphones. Em dois anos, o Android conquistou a vice-liderança no mercado mais acirrado e lucrativo da telefonia móvel. Hoje, já ameaça o poder do iPhone

    Símbolo do sistema operacional para aparelhos móveis do Google, o robozinho verde aí ao lado está cada vez mais presente nos smartphones. Em dois anos, o Android conquistou a vice-liderança no mercado mais acirrado e lucrativo da telefonia móvel. Hoje, já ameaça o poder do iPhone

    Por Rafael Barifouse

     

    Ramona Rosales

    O CRIADOR
    O engenheiro Andy Rubin desenvolveu o Android em sua start up no Vale do Silício, comprada pelo Google por US$ 50 milhões

     

    TROPEÇO E OBSTÁCULO

    A ascensão do Android não foi livre de tropeços. Lançado em janeiro, depois de anos de rumores, o Nexus One foi o primeiro smartphone desenvolvido pelo Google e trouxe consigo uma estratégia ousada. Em vez de vendê-lo apenas por meio das operadoras e redes de varejo, como é o costume, ele foi oferecido diretamente aos consumidores, pela internet. Foi um fracasso: em dois meses e meio, mesmo tempo que a Apple levou para vender 1 milhão de iPhones, 135 mil unidades do One deixaram as prateleiras virtuais.

    O Google resolveu, então, fechar sua loja online quatro meses depois da estreia, e o descontinuou nos Estados Unidos pouco depois. “Não foi um fracasso”, diz Queiroz. “Queríamos testar uma nova forma de distribuição, mas a maioria dos usuários queria ver o telefone antes de comprar. Ele foi bem-sucedido porque chamou atenção para o Android e estabeleceu um novo patamar de qualidade para os smart¬phones, que melhoraram muito.”

    De qualquer forma, o objetivo nunca foi ganhar dinheiro com os aparelhos ou o software. O Google é antes de tudo uma empresa de propaganda. É por meio dos anúncios exibidos em seus sites que obtém 99% de sua receita anual de US$ 24 bilhões. O Android é uma forma de fazer com que as pessoas usem ainda mais sua busca e os serviços relacionados, desta vez pelo celular. Mas o sistema operacional ainda traz um novo tipo de receita para a companhia. Ela fica com 30% do valor pago pelos programas baixados para os smartphones – o restante vai para os criadores dos aplicativos. Com isso, o Android gera hoje US$ 1 bilhão.

    A consultoria americana Caris & Co. estima que o valor quadruplique até 2013. Eric Schmidt, CEO do Google, sonha ainda mais alto. Em um evento recente, afirmou que o sistema chegará a 1 bilhão de pessoas e o faturamento atingirá US$ 10 bilhões. Para chegar lá, é preciso resolver algumas questões. Hoje o Google só tem aplicativos pagos em suas lojas online de 13 dos 46 países onde está presente. A Apple vende aplicativos nos 90 países onde tem loja. Estão fora do alcance do Google boa parte da Europa, toda a Ásia, com exceção do Japão, e a América Latina. “Temos recursos e um time de engenheiros limitado. É uma questão de prioridade e foco”, diz Queiroz. “Também existem obstáculos fiscais. E a necessidade de montar uma estrutura de pagamento. Nossa intenção é oferecê-lo no maior número possível de países.”

    O GOOGLE ESTIMA QUE O ANDROID DEVE CHEGAR A 1 BILHÃO DE PESSOAS
    E GERAR US$ 10 BI DE RECEITA SMARTPHONES EM ALTA

    Analistas de mercado são unânimes em um ponto. “Ter um grande portfólio de produtos contribuiu para o sucesso do Android, mas isso pode limitar seu crescimento”, afirma Castonguay, do Yankee Group. Até hoje, o Google lançou sete versões do sistema operacional. Duas outras estão a caminho. De um lado, isso faz com que o software evolua rapidamente e incorpore novos recursos, o que o torna mais atraente para os consumidores. Por outro, tantas opções podem gerar frustração em dois públicos-chave desse mercado. Os desenvolvedores criam os aplicativos de acordo com os recursos disponíveis em cada versão. Se uma nova surge, seus programas podem não ser compatíveis, o que limita seu faturamento. Já os usuários pagam caro por um smartphone e podem se irritar ao ver sua compra logo ser superada por uma versão mais moderna. “Por enquanto, isso não impacta negativamente as vendas, mas o Google terá de desacelerar em algum momento”, afirma Roberta, do Gartner.

    Enquanto isso, o futuro sorri para o Android. No mês passado, a Samsung lançou o primeiro tablet com o sistema operacional e o levou para um setor visto como um dos mais promissores da computação pessoal. No mercado de smartphones, o Gartner prevê que o Android terminará 2014 brigando pela liderança com o Symbian, da Nokia. Juntos, os dois programas responderiam por 60% do mercado, com uma diferença de 0,6%, bem abaixo dos 11,1% de hoje. Se esse cenário virar realidade, e tudo indica que sim, será a ducha de água fria definitiva nas previsões de Steve Jobs. Em 2008, o número 1 da Apple fez pouco das ambições do Google: “Tendo criado um telefone, sei como é difícil. Acho que isso mais os prejudica do que ajuda”. Jobs é considerado um visionário, mas parece que errou o alvo desta vez.

     

     

    Por Rafael Barifouse

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