O presidente de Angola, João Lourenço, reafirmou o compromisso de fortalecer as relações com os Estados Unidos em uma entrevista ao The New York Times. A declaração ocorre às vésperas da visita histórica do presidente Joe Biden a Angola, a primeira de um chefe de Estado americano em exercício ao país.
Durante a entrevista, Lourenço destacou que a aproximação com os EUA é parte de uma estratégia para diversificar os investimentos no país, tradicionalmente focados na indústria petrolífera. “Esperamos que a visita do presidente Biden encoraje investidores americanos a explorarem outras áreas da nossa economia, como agricultura e indústria”, disse.
O impacto da visita de Biden
O principal foco da visita será o Corredor do Lobito, um projeto ferroviário de 800 milhas que conecta Angola a Zâmbia e à República Democrática do Congo. O empreendimento, apoiado pelos EUA, busca fomentar o transporte de minerais essenciais para a transição energética global e estimular o desenvolvimento econômico regional.
Apesar de críticas que comparam o projeto a práticas coloniais de extração de recursos, Lourenço rebateu, afirmando que “os recursos hoje são explorados em benefício dos países africanos” e que o corredor incluirá projetos industriais e agrícolas ao longo de sua extensão.
Preparação para a administração Trump
Lourenço demonstrou pragmatismo ao comentar a eleição de Donald Trump, que assumirá a presidência dos EUA no próximo ano. “Estamos prontos para trabalhar com qualquer administração e julgaremos Trump por suas ações, não por declarações passadas”, afirmou, referindo-se às declarações ofensivas de Trump sobre países africanos durante seu primeiro mandato.
Relação com a China
Sobre a relação com a China, Lourenço reconheceu os desafios das dívidas contraídas em condições desfavoráveis no passado, mas garantiu que novos empréstimos não serão firmados nos mesmos termos. Ele enfatizou a neutralidade de Angola em meio à competição global entre EUA e China. “O mundo não é feito apenas de dois países. Angola mantém relações políticas e econômicas com várias nações e continuará com essa abordagem equilibrada.”
A visita de Biden é vista como um momento ímpar para Angola, posicionando o país como um parceiro estratégico no cenário global e reforçando sua importância no desenvolvimento econômico da África Austral.