Após a divulgação da notícia pelo Platina Line, que dá conta da expulsão de professores e alunos do Colégio da Rede Nossa Senhora da Anunciação, em Luanda, por dançarem kuduro dentro da instituição, o mesmo portal procurou reacções de duas figuras ligadas intrinsecamente ao estilo musical em causa: Talibã, actor que começou a imergir no kuduro, e Chicoica, conhecido defensor do género. Ambos apresentaram posições distintas sobre a medida adoptada pelo colégio.
Por um lado, o artista Talibã, conhecido por um posicionamento mais conservador, foi peremptório ao afirmar que, embora o kuduro seja uma expressão da identidade cultural angolana, não deve ser promovido em espaços escolares ligados à Igreja, principalmente devido à sua carga coreográfica sensual e ao ambiente em que foi originalmente concebido. “O kuduro não foi feito para os nossos petizes”, declarou, apoiando a decisão da direcção do colégio.
Por outro lado, Chicoica criticou duramente a decisão da instituição, recordando que o kuduro é parte intrínseca do quotidiano angolano, sendo inclusive utilizado em contextos religiosos e desportivos. Para o artista, a expulsão de professores e alunos por expressarem uma manifestação cultural é desproporcionada e demonstra uma desconexão da Igreja com a realidade actual. “A Bíblia actualiza os versículos, as leis também mudam. Por que não a Igreja?”, questionou.
O episódio reacende o debate sobre os limites entre tradição, cultura e liberdade de expressão no seio das instituições de ensino e religiosas em Angola.
Por: Vanilson Gourgel