Luanda – Mil e 430 crimes cibernéticos foram registados em Angola ao longo de 2024, segundo informações divulgadas esta terça-feira (17) pelo diretor do Gabinete de Cibercriminalidade e Prova Electrónica da Procuradoria-Geral da República (PGR), Gilberto Vunge, durante a 2ª Conferência Nacional sobre Cibercrime.
Entre os casos contabilizados, destacam-se 654 crimes de burla informática, 525 de assunção ou atribuição de falsa identidade, 206 de acesso ilegítimo e 45 casos de sextortion (coerção sexual).
Gilberto Vunge revelou ainda que investigações em curso levaram à detenção de 85 indivíduos de diversas nacionalidades, à apreensão de dois hotéis, 300 telemóveis, 300 computadores e grandes somas de dinheiro em moeda nacional e estrangeira. Os esquemas criminosos identificados possuem ramificações em África, América do Sul e Ásia, onde estariam localizados os principais mentores das atividades ilícitas.
Setores mais afetados
Os cibercrimes registados têm atingido de forma mais significativa os setores de telecomunicações, finanças, comércio eletrónico e segurança cibernética, com destaque para invasões ao sistema bancário. Sobre este ponto, Gilberto Vunge alertou para a necessidade de monitorização contínua no setor financeiro, com o objetivo de prevenir novas ameaças.
Recomendações e medidas
O magistrado destacou a urgência de ações coordenadas para conter a escalada de crimes cibernéticos em Angola, incluindo:
- Investimento em tecnologia e capacitação;
- Fortalecimento das leis e políticas de proteção de dados;
- Promoção da literacia digital e jurídica sobre práticas de segurança.
Além disso, foi sublinhada a importância de Angola aderir à Convenção de Budapeste, norma internacional que estabelece diretrizes abrangentes para o combate ao cibercrime, e de adaptar a legislação nacional às novas realidades do ciberespaço, como inteligência artificial e tecnologias quânticas.
A 2ª Conferência Nacional sobre Cibercrime
Promovida pela PGR e pela Pentinalli Investigações, a conferência reúne especialistas durante dois dias para discutir temas como:
- “Cooperação Internacional no Combate ao Cibercrime”;
- “Proteção de Direitos e Eficiência Judicial no Estatuto do Arguido em Casos de Cibercrime”;
- “O Papel da Inteligência Financeira no Combate ao Cibercrime”.
O evento é também uma oportunidade para destacar o trabalho do novo Gabinete de Cibercriminalidade e Prova Electrónica, considerado um passo crucial no combate aos crimes no mundo digital em Angola.