O rapper MCk, sempre que pode, explana o seu ponto de vista sobre diversos assuntos sociais, políticos, e musicais. Nesta terça feira o tema que o katrogi abordou foi a hipocrisia por parte dos órgãos de comunicação Social angolana , que pouco explora, os feitos e problemas dos artistas locais . veja na integra o post do Rapper MCk:
O mês de Maio é fortemente marcado por três datas com relevância nacional e internacional, a primeira é o dia 1 de Maio, consagrado aos trabalhadores, a segunda é o dia 25 de Maio, data que inspirou esta reflexão, e finalmente o dia 27 de Maio, o dia do “Komba” nacional, por enquanto política a parte, vamos reflectir sobre o dia de África e o falso orgulho dos africanos.
No movimento Hip Hop, que eu sou parte, a nível dos pequenos espaços radiofónicos espalhados em algumas grelhas de programação de órgãos públicos e privados, absolutamente nada é divulgado neste sentido, os apresentadores e locutores até podem fingir em Posts na internet como frases, ” Eu amo África”, ” Africano de Raíz”, ” Orgulho angolano”, coisa e tal… mas na hora que devem manifestar africanidade, divulgando conhecimento, factos, acontecimentos e valores preciosos da nossa cultura moderna e tradicional, expõem a fragilidade das suas convicções e o universo de ignorância que vivem mergulhados…
Estes Radialistas não conhecem artistas como Iveth ( Moçambique), Baloji (Congo Brazzaville), Hymphatic Thabs (Africa do Sul), Outs Poken (Zimbabwe), Knaan (Somália), Blitz The Ambassador (Senegal), Fokn Bois (Ghana), ou mesmo Don Pina, que eu estou a ouvir agora, enquanto escrevo, artista da Guiné Bissau que até rima em português. Nos casos que conhecem, optam em não tocar, pois, escolheram ser ” Escravos Voluntários” dos Hits ocidentais, chamando de ” musica alternativa” temas das ” playlists” mais convencionais do panorama musical internacional.
Há coisa de três meses o renomado Site Sul africano colocou-me na lista ” 10 African Hip Hop artistas missing from your playlist”, e os locutores nacionais fecharam os olhos, ninguém sabe a data de aniversario do Rapper Phay Grand o Poeta, ninguém denuncia as agressões que o Carbono e o Luaty sofrem, ninguém fala e toca música de rappers de Benguela, Cabinda ou Huambo. Mas todos tocam e falam da vida dos artistas norte americanos com direito a posts regulares no Facebook, todos sabem a hora que os gatos do Jay Z cagam, todos conhecem a marca de penso higiénico que Nick Minaj utiliza, e a quantidade de ” Liamba”que o Rick Ross fuma antes de gravar…
Com os outros estilos musicais como o Semba, Kizomba, Kú Duro e Afro House, hoje por hoje, este problema já não se coloca, porque houve a inversão que resultou no aumento de divulgação e consumo. O que se passa com a divulgação do rap angolano e africano?
Como rimou um dia o meu irmão Keita Mayanda, ” falso orgulho, é um presente envenenado”.