Luanda, 5 de Maio de 2025 – Jovens conhecidos como mixeiros continuam a operar livremente nas imediações da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária (DTSR), no centro da cidade de Luanda, oferecendo serviços ilegais de emissão de documentos como cartas de condução e verbetes automóveis — mesmo para cidadãos que não possuam a certificação necessária.
De acordo com apurações feitas pelo Jornal expansao , os mixeiros cobram até 200 mil kwanzas por uma carta de condução completa e 20 mil kwanzas pela renovação de um verbete. Os pagamentos são feitos apenas após a entrega do documento, o que segundo os próprios, “garante a seriedade do serviço”.
Apesar da natureza ilícita da actividade, os jovens operam de forma ostensiva, abordando diariamente dezenas de cidadãos junto à entrada da instituição pública. Muitos deles alegam trabalhar em articulação com agentes da própria Direcção de Trânsito, o que facilitaria a obtenção e circulação dos documentos.
Joaquim Pedro, motorista há mais de 10 anos, relatou à nossa equipa:
“Sempre que venho aqui sou abordado por esses jovens. Eles dizem que mesmo quando o sistema interno está parado, conseguem tratar os documentos. Basta pagar e confiar.”
Durante cinco horas de observação no local, foi visível a movimentação de vários civis em contacto directo com os utentes da DTSR, muitos deles oferecendo ajuda em troca de valores monetários. Estes relatos levantam sérias dúvidas sobre a transparência e o controlo interno na emissão de documentos públicos.
O fenómeno dos mixeiros não é novo, mas mantém-se alimentado pela burocracia, falhas técnicas constantes e lentidão dos serviços oficiais, factores que empurram muitos cidadãos para vias alternativas e ilegais para resolver necessidades urgentes.
A Platina Line tentou obter esclarecimentos junto da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária, tendo enviado um conjunto de questões por escrito. Apesar da promessa de resposta, até ao momento, nenhuma posição oficial foi recebida.
A falta de fiscalização e a aparente conivência de elementos internos com estas práticas agravam a fragilidade do sistema e colocam em risco a segurança rodoviária, ao permitir que cidadãos conduzam sem a devida preparação legal e técnica.