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    Morreu Hugo Chávez

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    CARACAS, 5 Mar (Reuters) -Idolatrado pelos venezuelanos mais pobres, a quem ofereceu melhores condições de vida desde que chegou ao poder, e odiado pela elite financeira, Hugo Chávez foi uma figura incontornável da história recente da América Latina.

    Depois de mais de um ano de luta contra um cancro, o presidente venezuelano não resistiu às complicações pós-operatórias da última intervenção cirúrgica. Hugo Chávez morreu hoje, aos 58 anos, num hospital em Caracas, Venezuela, rodeado pela família.

    Hugo Rafael Chávez Frías nasceu no dia 28 de julho de 1954 na cidade de Sabaneta, província venezuelana de Barinas. Era o segundo de seis filhos, todos homens, de um casal de professores. Devido às dificuldades económicas da família, ele e o irmão mais velho, Ádan, foram educados pela avó paterna, Rosa Inés Chávez, que se tornou uma das figuras mais importantes na sua vida. Em sua homenagem, Chávez deu o seu nome à única filha que teve do segundo casamento.

    Durante a juventude, jogou no Criollitos da Venezuela e foi sacristão na igreja local, por influência da avó paterna, uma católica fervorosa. Alguns dos que com ele privaram contam que o jovem Chávez esteve dividido entre seguir a vida religiosa ou tornar-se jogador profissional de basebol, uma das suas grandes paixões, mas acabou por enveredar pela carreira militar. Também gostava de pintar, de desenhar e de História. Aos 17 anos entrou na Academia de Ciência Militares, em Caracas, e, aos 21, graduou-se em Ciências e Artes Militares, ramo de Engenharia. Entre 1975 e 1988, frequentou diversos cursos militares. No biénio 1988/1989 concluiu o mestrado em Ciência Política na Universidade Simón Bolívar. Foi no Exército que entrou em contacto com o “bolivarismo”, que marcou a sua forma de estar na vida e na política. Em meados da década de 80, iniciou a sua actividade política, ajudando a fundar o Movimento Revolucionário Boliviano (MRB-200), inspirado na figura de Simón Bolívar, o herói venezuelano da luta das guerras de independência da América espanhola. Em 1997, o partido mudaria de nome para Movimento V República, uma vez que a legislação eleitoral proibia taxativamente a utilização da figura de Símon Bolívar nas siglas e nos símbolos das organizações partidárias. Golpe de Estado falhado A missão do MRB-200 é treinar militares para uma ação de derrube do governo, que acabou por acontecer a 4 de fevereiro de 1992.

    Nesse dia, à frente de 300 homens, o tenente-coronel Hugo Chávez tenta um golpe de Estado contra o então presidente, Carlos Andrés Pérez, da Acción Democrática, que planeava adotar medidas económicas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional. As intenções de Pérez geraram uma forte contestação popular nas ruas de Caracas, que ficou conhecido pelo nome de “Caracazo”. Entre as medidas anunciadas constava o aumento, em 30%, do preço dos combustíveis e das tarifas dos transportes públicos. Em fevereiro de 1992, os militares revoltosos tomaram de assalto o Palácio Presidencial, o aeroporto, o Ministério da Defesa e o Museu Militar. Um pouco por todos o país, militares simpatizantes da causa tentaram controlar outras cidades. Os confrontos entre os insurgentes e as forças governamentais resultaram em 18 mortos e 60 feridos e na rendição de Hugo Chávez, que acabou detido juntamente com outros líderes da revolução. Antes de ser levado para o presídio militar, foi autorizado a dirigir-se ao país através da televisão estatal, durante um minuto, que aproveitou para assumir a responsabilidade pelo falhanço da operação. Nove meses mais tarde, militares afetos ao seu movimento tentaram novamente derrubar o presidente, mas voltaram a fracassar. Hugo Chávez cumpriu apenas dois anos de prisão.

    A 26 de janeiro de 1994, o novo presidente venezuelano, Rafael Caldeira, amnistiou-o. As sucessivas reeleições Após a sua libertação, Chávez começa a preparar a sua candidatura à presidência do país. Foi eleito pela primeira vez a 6 de dezembro de 1998 com 56% dos votos. A 9 de fevereiro do ano seguinte, assume a presidência e convoca um referendo para eleger a Assembleia Constituinte, que deverá escrever a nova Constituição. O texto foi aprovado no dia 15 de dezembro por 70% dos eleitores. A nova Carta Magna prevê, entre outras novidades, a mudança do nome do país para República Bolivariana da Venezuela e o aumento dos direitos dos grupos marginalizados. Desde então, foi sucessivamente reeleito: 20 de julho de 2000, com 56,9% dos votos; 15 de agosto de 2004, com 59% dos votos; 3 de dezembro de 2006, com 62% dos votos, e a 7 de outubro de 2012, com 55% dos votos.

    A doença Em junho de 2011, o vice-presidente, Nicolás Maduro, anuncia ao país que Chávez tinha sido submetido a uma intervenção cirúrgica de emergência, em Havana, depois de lhe ter sido detetado um abcesso pélvico. No final do mês, o próprio Chávez dirigiu-se ao país através da televisão, a partir de Cuba, e explicou que tinha sido operado a um cancro. No dia 20 de outubro desse mesmo ano, após quatro sessões de quimioterapia, os médicos garantem que está completamente curado. Quatro meses mais tarde, a 28 de fevereiro de 2012, volta a ser operado em Cuba, seguindo-se um tratamento por radioterapia. No dia 9 de julho, volta a garantir que está curado. Contudo, no dia 8 de dezembro viu-se obrigado a informar o país de que teria que ser submetido a uma nova intervenção cirúrgica ao cancro e, pela primeira vez, falou sobre a sua sucessão, tendo nomeado Nicolás Maduro seu substituto enquanto estivesse ausente. Hugo Chávez casou duas vezes.

    Do primeiro casamento teve três filhos: Rosa Virgínia, María Gabriela e Hugo Rafael. Do segundo, com Marisabel Rodríguez, Rosa Inéz, atualmente com 15 anos, cujo nome é uma homenagem à avó paterna.

     

    EM ACTUALIZAÇÃO:

     

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