Por: Sued de Oliveira
“Eu não tenho como andar com pessoas que não partilham da mesma fé que eu, porque eu não vou à discoteca, não me sinto bem em ambientes ímpios e prefiro afastar-me e não ter intimidade com estas pessoas”
Célcio Mambo é dos nomes mais respeitados da música evangélica nacional, uma voz lírica autorizada para falar pelo movimento gospel apesar de não se considerar cantor gospel. Mas será que tamanha autoridade lhe dá o direito de ser religiosamente intolerante?! Será que a sua alegada fé “imaculada” lhe dá o direito de promover a distinção social baseada naquilo em que se acredita?! Talvez não, mas não foi o que o cantor deu a entender em entrevista ao programa Zap News, onde proferiu declarações muito tristes, embora tenha mantido uma postura comedida, deixando os apresentadores bastante surpreendidos.
É importante que se perceba que este artigo não é um “ataque” ao Célcio, tampouco uma afronta à sua margem ideológica, até porque todo mundo merece liberdade suficiente para exprimir o seu ponto de vista, o seu interior, mas viver em sociedade exige um espírito inclusivo maior, exige tolerância, é arrogante da nossa parte sentirmo-nos mais iluminados que a maioria, achar que devemos nos isolar das pessoas quando não acreditam naquilo que acreditamos, quando têm uma razão existencial diferente da nossa, e, às vezes, sem darmos por isso, tornamo-nos fanáticos religiosos e ao invés de espalhar amor, promovemos cada vez mais a famosa “Fé Separatista”.
Segundo Célcio, a vida religiosa é o seu centro, o seu foco, sempre andou na “linha”, nunca esteve directamente envolvido na vida do pecado e, por essas razões, sente-se no direito de se “excluir” do mundo.
Pode-se definir o fanatismo como uma crença exagerada, uma adesão cega a uma visão do mundo ou doutrina, de tal modo que o fanático identifica a sua crença como sendo a verdade absoluta e se sente o dono da verdade. Pior, considera seu inimigo todos aqueles que não compartilham da sua fé e, ao que se verifica, Célcio Mambo não pensa diferente disso, embora tenha tentado, de todas as formas, diminuir o impacto do seu discurso, deixou claro que pensa exactamente como um fanático religioso, que se incomoda com a “impureza” dos demais e nada faz para os ajudar.