Vivemos numa sociedade em que uns não querem ser angolanos, preferindo ser tidos e achados como europeus ou americanos, outros não querem aceitar a inclusão social, refugiando os medos e complexos vários nos inúmeros condomínios de pouca luz e menos água, espalhados um pouco por todo o lado .
Vivemos com receio da nossa própria sombra, fugindo da nossa identidade e valores cívico/morais, maquilhando o que resta de nós nos postiços, lipos e dolorosas sessões de transfiguração da dignidade e honra humana, tornando-nos estereóripos de outros dementes .
Vivemos assim, sem norte e sem sequer sabermos se somos o que pensamos ser .
E nesta trapassa de vida, o que normalmente cura as dores da desilusão constante do quotidiano é a música, a boa música .
E lá vem o Rap, sempre detentor de uma rebeldia inigual, vasto no estilo e na mensagem, incrívelmente belo para ser devassado por um idiotismo plagiador, tão comum entre os que dele pouco sabem mas que têm como missão torná-lo num estilo cómico e de plágio viral no estilo e no som .
Tal como o Kuduro, o Rap é contagiante e extremamente cativante, só que tem líricas melhor estruturadas e uma legião de fãs muito maior .
O problema reside no facto de que a maioria dos rappers não quer ser outra coisa … quase todos querem agir, vestir, falar e cantar como americanos, algo hilariante .
Plagiam até os disparates, para cúmulo total . Uns cantam tudo menos Rap mas intitulam-se Rappers, outros não cantam nem maldizem, apenas vivem do pouco que o Rap angolano consegue fazer sem a permanente clonagem do bem alheio .
Artistas há que nasceram para esse estilo e o fazem de forma natural e elegante como são os casos do lendário Kool Klever e dos excelentes Keita Mayanda, MCK, Ikonoklasta, Spike Z, Bog da Rage Sense, há outros no entanto que forçam as cordas vocais, vestem-se como americanos nascidos nalgum dos vários musseques de Luanda e usam os famosos óculos de sol nas noites Luandenses, infelizmente apenas passando a pobre imagem de músicos de parca lavra e vasto plágio .
Ser Rapper é muito mais que ter um verso e um desejo, ser Rapper é não sair jamais de sí mesmo, é ser natural e orgulhoso das suas origens, é recusar viver uma dupla personalidade .
Ser Rapper não é ser nem número zero nem plagiador de meia tigela .
Rap não é nenhum culto ao plágio geral, Rap é dar voz á alma e permitir que a música seja única, inigual, autêntica .
De Joe D’Almeida
01/06/2013
Londres
Para o portal Platina Line