Num universo digital onde tudo se partilha , do café da manhã aos momentos mais íntimos em família, a cantora angolana Pérola decidiu remar contra a maré. Durante o evento de celebração dos contratos da caravana dos 50 anos da Independência Nacional, promovido pela LS Republicano e Arca Velha Entretenimento, a artista falou abertamente sobre os limites da exposição da sua vida pessoal.
Em entrevista, Pérola deu voz a um sentimento que muitos artistas vivem, mas poucos expressam: o direito ao silêncio e à privacidade, numa era onde a visibilidade constante é quase uma exigência.
“Funciona de forma natural, faz parte, é uma extensão de mim”, começou por dizer, com a serenidade de quem está em paz com as suas escolhas. E acrescentou: “Desde muito cedo, desde o início da minha carreira, é algo que faço com naturalidade… Quando posso, partilho um pouco; quando não posso, não partilho. Mas tenho de respeitar as pessoas que estão à minha volta. Nem todos gostam de aparecer. Então, sou a mana Madó da família.”
As palavras da cantora reabrem o debate sobre os limites da exposição familiar no meio artístico. Até que ponto é saudável mostrar tudo? Será que o público exige demasiado das figuras públicas? Ou existe, de facto, uma linha que deve ser respeitada entre o palco e o lar?
Por: Vanilson Gourgel