Dentre as várias profissões que tenho, algumas por formação, e outras por mero observar, não faz parte a de sociólogo. Queria deixar claro que as linhas que se senguem foram escritas apenas como um ponto de vista de uma pessoa que faz parte do mundo real, uma pessoa com amigos e sentimentos.
Pois bem, como bom angolano, aprendi a impor respeito por intermédio do meu pai; ao mesmo tempo que minha mãe me ensinou a ser uma pessoa sensível que respeita os outros. Por isso sempre que o meu lado racional me permite procuro passar mensagens positivas como reflexo das que recebo todos os dias, de amigos, namorada, familiares e até de pessoas que apenas vi um dia e nem sei se as verei mais! Eu luto contra os meus defeitos para ser uma pessoa melhor, um ser humano sociável e, ainda assim, ‘sempre que penso em fazer o bem, o mal vem em frente’, o que provoca a revolta de várias pessoas principalmente àquelas que eu não consigo agradar e que lançam sobre mim críticas energéticas.
Mas eu não sou o único. E reclamaria com Deus se o fosse. Muitos, e imagino que você que lê também, são vítimas de um sistema mundial que parece caminhar em consonância com as palavras de um tio meu que afirma que ‘o homem não veio do macaco. O homem vai ao macaco’.
Nosso mundo humano, está cheio de pessoas com atitudes selvagens, que mesmo tendo o dom da fala preferem partir para o corpo à corpo. Estas entretanto são menos piores que as outras pessoas que de tão más conseguem desenvolver uma outra característica selvagem, tal como o mesmo tio meu diz, ‘vale mais um inimigo declarado que um amigo finjido. Com o primeiro, consegue-se precaver diante da sua presença. Já o segundo, consegue camuflar suas intenções e na maior parte nos pegam indefesos. Por isso eu prefiro os assumidamente violentos, porque sei que sempre que os vejo, consigo correr o mais rápido que posso. Os outros desenvolveram a capacidade de se mudar de cor assim como fazem os camaleões.
A diferença é que os bichos se adaptam ao ambiente como forma de se defender de possíveis predadores; as pessoas no entanto, trocam de cores para proveito próprio e na primeira oportunidade que tiverem de linchar aquele inocente, que acha que tem um amigo, esticam suas línguas venenosas e depois se deliciam ao ver a vítima agonizar na travessia do carvalho dos nossos dias.
Há ainda aquelas pessoas com um instinto tão animalesco que os abutres se sentem mais lindos! É que embora se alimentem de restos mortais de outros animais, os abutres não têm problemas em partilhar o banquete com outros ainda que de outras espécies. Já o homem nos dias de hoje, é de tão ambicioso espírito que mesmo sabendo que o que tem em mãos será melhor aproveitado se mais pessoas fazerem parte, prefere esconder de tudo e todos. Isso quando não impede que os outros brilhem. A idéia de sermos exclusivos é tão publicitadas que muitos de nós nos sentimos muito mal ao ver outros sendo bem sucedidos. E se por algum milagre podermos interferir contra o sucesso dos outros, melhor ainda! A satisfação é tão prazerosa quanto o momento em que nos rendemos depois do orgasmo.
Não importa se hoje te sintas vítima deste espírito selvagem, é sempre bom estarmos atentos e evitar que nossas atitudes nos remetam à condição de predadores. Se para adestrar um animal é preciso ser especialista, num estalar de dedos conseguimos nos transformar em lobos em pele de carneiro.
Viva o amor ao próximo e feliz dia da tolerância!