O ministro angolano das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, afirmou nesta segunda-feira, em Luanda, que todos os serviços previstos pelo primeiro satélite geoestacionário de Angola serão feitos com normalidade, apesar dos constrangimentos técnicos registados no Angosat-1.
Ao falar em conferência de imprensa, o governante informou que esses serviços serão feitos no quadro das compensações previstas no contrato do Angosat-1.
Testes efectuados sexta-feira, sábado e domingo último, por equipas técnicas de Angola e da Rússia, apontam que o Angosat-1 “continua em órbita, mas não apresenta os parâmetros para os quais foi contratado”, segundo o governante angolano.
Para evitar prejuízos à parte angolana, foram accionadas as cláusulas contratuais, que impõe à parte russa a obrigação de compensar pelos danos.
Angola começa a beneficiar dessas compensações a partir de terça-feira (23), dia previsto para o começo da construção do Angost2, cujo lançamento se prevê para 2020.
A compensação vem colmatar os problemas verificados no Angosat-1, à luz do contrato que obriga a parte russa a assumi-las na totalidade.
As compensações traduzem-se na atribuição, sem qualquer custo para Angola, de 216 Megahertz na Banda C, e 216 Megaheartz na Banda Ku, enquanto o Angosat2 estiver em construção, para suportar todos os serviços necessários.
Nesse quadro, todos os serviços serão transferidos para esta banda, e todos os valores decorrentes dessas operações serão transferidos para o Gabinete de Gestão do Programa de Gestão do Programa Espacial Nacional.
O Angosat1 tinha sido lançado em órbita na noite de 26 de Dezembro de 2017, através do foguete transportador ucraniano Zenit, a partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão. A entrada em operações comerciais deveria ter início este mês (Abril).
Construído a partir de 2012, no seguimento de um acordo assinado entre Angola e a Rússia, em 2009, custou 360 milhões de dólares aos cofres do Estado angolano.
O satélite tem um seguro de 120 milhões de dólares, que prevê a sua substituição, a custo zero, em caso de eventual destruição ou desaparecimento.
A sua abrangência de cobertura do sinal de recepção na banda C tinha sido concebida para cobrir todo o Continente Africano e parte da Europa.
O satélite angolano possuía um centro primário de controlo e missão em Angola, na comuna da Funda, norte da província de Luanda, e outro secundário na Rússia, em Korolev.
O Angosat-1 foi construído em cinco anos (a partir de 2012), como resultado de um acordo rubricado, em 2009, entre os Governos da República de Angola e da Federação da Rússia.
Quanto a sua condição técnica, Igor Frolov, responsável pela construção do satélite, pela empresa russa RSC Energia, informou, na conferência de imprensa, que ocorreram várias falhas de comunicação com a estação em terra, desde o seu lançamento a 26 de Dezembro de 2017.
Os motivos dessas falhas de comunicação, explicou, ainda não foram determinados com exactidão, pelo que os técnicos vão continuar a monitorar o Angosat1, até 15 de Maio.
Para tal, foi criada uma comissão de especialistas dos dois países, para averiguar o que esteve na origem do problema nas comunicações do satélite, construído na Rússia.
Explicou que as operações do Angosat-1 chegaram a ser suspensas, para não colocar em risco os outros satélites que estão em órbita, sublinhando que, à luz do contrato com o Governo Angolano, a partir de terça-feira inicia na Rússia a construção do AngoSat-2.
O construtor não especificou o valor do Angosat2, mas disse que terá um custo “muito alto”.