O actor angolano Silvio Nascimento voltou a destacar-se no debate sobre a valorização da produção audiovisual nacional, ao criticar abertamente a exibição de novelas chinesas nos órgãos de comunicação públicos de Angola. A declaração foi feita em entrevista ao jornal Expansão, onde o artista classificou a prática como uma “ofensa ao povo angolano”, considerando que esta opção ignora e despreza o talento e a capacidade de produção local.
Nas suas redes sociais, Silvio reforçou a sua posição com uma mensagem emotiva e contundente. “Novelas não são apenas entretenimento, são postos de trabalho”, escreveu o actor, sublinhando que o verdadeiro problema não está apenas nas produções estrangeiras em horário nobre, mas na contínua desvalorização da produção nacional, que já acontece há anos. “Quem deve não compra ou não exibe as novelas angolanas, mesmo com o povo a demonstrar que gosta do seu próprio produto”, lamentou.
O artista defende que a produção nacional está preparada para competir, mas não encontra igualdade de oportunidades nos canais televisivos. Segundo Silvio, além dos actores, há uma cadeia de profissionais que depende da indústria, como técnicos de som, guionistas, carpinteiros, designers, estilistas, cozinheiros e muitos outros. “São milhares de empregos que ficam no abandono porque as TVs nacionais exibem novelas chinesas, brasileiras e portuguesas, ao invés de investir no conteúdo angolano”, denunciou.
Silvio Nascimento encerra a sua reflexão com um apelo à mudança de mentalidade, defendendo que esta não é uma luta contra as produções internacionais, mas sim uma batalha a favor do produto nacional. “É a valorização de um povo inteiro que, em sua casa, não se revê, não se espelha e não tem referências. Isso é que é grave!”, destacou. Para o actor, apoiar a produção nacional é também promover a economia, a cultura e a identidade angolana.