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    Trump não se compromete com transição pacífica se perder as eleições

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    A pouco mais de um mês das eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump recusou-se a garantir o contributo para uma transição pacífica de poder, caso seja derrotado. Criticando, uma vez mais, a fiabilidade do sistema de voto por correspondência, o Presidente norte-americano afirmou que os resultados podiam acabar por ser disputados no Supremo Tribunal dos EUA.

    Faltam seis semanas e as sondagens dão vantagem ao candidato democrata Joe Biden, mas Donald Trump tenta descartar a possibilidade de sair derrotado nas eleições. O presidente dos EUA recusou-se, esta quinta-feira, a comprometer-se publicamente a aceitar os resultados das presidenciais de 3 de novembro, caso seja o opositor a vencer, e em transferir pacificamente o poder.

    “Bem, teremos de ver o que acontece. Vocês sabem isso. Temos vindo a reclamar muito por causa da votação. E as votações são um desastre”, afirmou Trump numa conferência de imprensa, referindo-se ao voto por correspondência – que este ano deve ser massivo devido à pandemia – que Presidente tem condenado repetidamente como suscetível a fraudes.

    Para além de não se comprometer em aceitar pacificamente uma derrota, Trump ainda adiantou que os resultados das eleições podiam ser decididos no Supremo Tribunal.

    “Livrem-se das votações [por correio] e terão uma transição muito, muito pacífica – não haverá uma transição, francamente, haverá uma continuação”, assumindo que acredita que vencerá as eleições. “Essas votações estão fora de controlo e os democratas sabem disso melhor do que ninguém”.

    “Acho que essa eleição vai acabar no Supremo Tribunal Federal e acho muito importante termos nove juízes”, disse o Presidente norte-americano, acusando os democratas de usarem este novo meio de votação como “um golpe que será levado ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos”.

    Para Donald Trump, seria necessário destituir a juíza Ruth Bader Ginsburg, que faleceu na sexta-feira passada, para garantir vantagem na decisão do resultado eleitoral. Este sábado, Trump terá de nomear um nome para o lugar de Ginsburg.

    O facto é que, devido à crise sanitária que os Estados Unidos atravessam, a maioira dos norte-americanos tem preferido recorrer à votação à distância, o que não agrada o candidato republicano. Trump já tinha, anteriormente, dito que as eleições estavam “minadas” e que os resultados poderiam ser contestados em várias instâncias, até chegar ao Supremo Tribunal.

    Mas a recusa em comprometer-se com uma transição pacífica de poder não é de agora. Já em 2016, Trump recusou-se a comprometer-se a aceitar os resultados das eleições contra a candidata democrata Hillary Clinton – o que esta caracterizou como um ataque à democracia.

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