Um grave caso de negligência médica chocou Angola nos primeiros dias do ano. Uma criança de dois anos perdeu a vida após aguardar uma hora e quarenta minutos sem qualquer atendimento no Banco de Urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino.
A vítima, que caiu do primeiro andar de um prédio, chegou ao hospital acompanhada pelo pai, que implorou por assistência. No entanto, os apelos foram ignorados, e a equipa de serviço ausentou-se dos postos durante longo período. Imagens de videovigilância captaram momentos perturbadores: o menor, debilitado, vomitava e perdia a consciência, enquanto os profissionais de saúde permaneciam inertes. Uma investigação interna revelou ainda a presença de bebidas alcoólicas no refeitório dos funcionários, agravando a gravidade do caso.
A intervenção de uma médica de ronda ocorreu apenas duas horas depois, mas já era tarde. A criança foi transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos, onde faleceu horas depois. O exame médico-legal apontou fractura craniana e hematoma intracraniano como causas da morte, uma tragédia que poderia ter sido evitada com um atendimento célere.
Face à gravidade do caso, o Ministério da Saúde instaurou uma Comissão de Inquérito e apresentou os resultados na conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira, na sede do Ministério da Saúde, em Luanda, onde se confirmou a grave negligência médica. Como consequência, cinco profissionais foram demitidos do Serviço Nacional de Saúde, e o processo foi remetido à Procuradoria-Geral da República.
Na ocasião, o Governo reafirmou a política de Tolerância Zero ao Atendimento Desumanizado, sublinhando que situações como esta não podem continuar a manchar o sistema de saúde angolano.
Por: Vanilson Gourgel
Fotos: Carlos Bento