O corpo do músico e médico espiritualista Charles Bois Poaty foi a enterrar no Cemitério do Benfica, em Luanda, num ambiente de profunda consternação, mas também de silêncio institucional. A cerimónia fúnebre decorreu sem a presença de representantes do Governo ou do Ministério da Cultura, meses depois de o artista ter sido condecorado pelo Presidente da República, João Lourenço, com a Medalha dos 50 anos, em reconhecimento do seu contributo para a cultura nacional.
A distinção, atribuída em vida, simbolizou o percurso multifacetado de Charles Bois Poaty, que marcou a sociedade angolana tanto pela música como pelo seu empenho social. Em diversas entrevistas, o artista recordava o envolvimento em campanhas de combate ao VIH/SIDA, a sua iniciativa pioneira no serviço de táxi privado em Luanda, e outros gestos de cidadania que o tornaram uma figura respeitada e merecedora da homenagem presidencial.
No entanto, o adeus ao artista ficou marcado pela ausência dos que, em vida, o exaltaram. Apenas duas figuras públicas acompanharam o seu último adeus: Nelito Ekuikui, deputado e presidente da JURA, que esteve presente no velório, e Henrique Narciso “Dito”, realizador e produtor cinematográfico, que marcou presença no funeral. O gesto simples, mas solitário, contrastou com o peso simbólico da condecoração que, para muitos, hoje soa como uma homenagem póstuma esquecida.








