Por: Sílvio Kapuepue – Comentarista desportivo
Em Angola, assim como em muitas outras partes do mundo, o futebol é uma paixão que une as pessoas. Basta um jogo da Premier League inglesa, da Liga dos Campeões ou das selecções nacionais para vermos salas cheias, discussões animadas e muita emoção. No entanto, enquanto essa paixão cresce, uma ameaça para este ecossistema vai-se instalando silenciosamente a pirataria de conteúdos via streaming.
Um número considerável de pessoas justifica o uso de meios ilícitos para aceder a transmissões de futebol alegando limitações financeiras e fragilidades institucionais. Embora seja um problema global, em África e particularmente em Angola, este fenómeno é ainda mais prevalente devido a uma combinação de factores, como a ausência de leis robustas sobre direitos de autor, aplicação limitada da regulação existente, baixa disponibilidade de equipamentos acessíveis e uma grande procura por conteúdos gratuitos. Contudo, é fundamental compreender que a pirataria vai muito além de simplesmente assistir a um jogo sem pagar. Trata-se de alimentar um sistema criminoso que rouba empregos, destrói a indústria criativa e afasta investimentos.
A MultiChoice investe milhões na aquisição de direitos de transmissão desportiva e na produção de conteúdos locais. Uma parte significativa da sua receita é utilizada para garantir a segurança digital e pagar os salários de apresentadores, jornalistas, técnicos de estúdio, operadores, produtores e outros profissionais. Quando alguém opta por assistir através de um link pirata, está a desvalorizar todo este trabalho.
Além disso, as transmissões ilícitas são frequentemente acompanhadas de software malicioso, vírus informáticos e perigos associados à segurança digital. Mesmo assim, milhares de pessoas continuam a assumir o risco em nome de uma suposta “poupança”, sem perceber que esta prática, no fim das contas, corrói a qualidade e a sustentabilidade do conteúdo que tanto apreciam.
E é só no futebol? Não. A pirataria afecta não apenas o futebol e o desporto profissional, mas também novelas, séries, desenhos animados, noticiários locais, filmes e muito mais. Cada clique num link ilegal é uma facada nas costas da indústria cultural e criativa, uma indústria que, se fortalecida, pode empregar milhares de pessoas e projectar a nossa identidade para o mundo.
Convidamos os cidadãos a juntarem-se neste combate a pirataria juntos.









