«Não quero continuar aqui. Estou sem motivação»
Dez meses após ter ido à Tanzânia, cotado como uma das maiores contratações do Young Africans para atacar a Premier League da Tanzânia, (VPL), o internacional angolano Carlos Sténio revelou, a este Portal, que vive um momento difícil e sente-se desiludido pela forma como a direcção dos jovens africanos tem desrepeitado as cláusulas contratuais.
Carlinhos, conta ainda que já viu a sua residência a ser invadida pela proprietária por falta de pagamento.
«Vivi um episódio muito triste. Eu estava a treinar, após o final do treino vi 20 chamadas não atendidas da minha esposa. Quando voltei a casa ela contou-me que havia pessoas estranhas que alegavam falta de pagamento da casa por parte da direcção do clube, e isso aconteceu num momento em que a minha esposa havia dado a luz. Causou-me um choque e percebi, mais uma vez, que estava diante de um clube desorganizado. Afinal, o Young não é aquilo que vocês vêem nas redes sociais. Há aqui uma tamanha desorganização. Tive que reportar tudo à embaixada de Angola cá. Por isso, manifestei o desejo de abandonar o clube».
O jogador angolano revelou, também, que às vezes tem estado ausente de alguns jogos por desmotivação.
«Às vezes as lesões que tenho tido nem sempre são físicas. Mas sim, psicológica, fruto do momento que vivo cá. Isso já leva quase um ano. Várias vezes fui ao hospital com sintomas de dor de cabeça, mas não acusou nada. Era tudo desmotivação psicológica».
Apesar de tudo por que tem passado, Carlinhos disse que tem sabido separar as coisas quando está dentro das quatro linhas.
«Eu sou profissional. Por isso, quando estou dentro do campo esqueço tudo e dou sempre o meu melhor para ajudar a equipa a atingir os seus objectivos. Por isso, tenho tido um carinho muito especial dos adeptos bem como da equipa técnica que me tem elogiado muito. Mas tudo que tenho vivido cá é um aprendizado para mim e sei que um dia vai valer apenas».
SUA CHEGADA À TANZÂNIA
Sobre a sua chegada ao futebol tanzaniano, Carlinhos disse que foi um momento já mais visto.
«Foi algo sublime e diferente. Nunca mais serei o mesmo. Os adeptos do Young Africans são enormes. Tenho tido muito carinho vindo deles e até da imprensa local», contou.
Porém, revelou, também, que teve alguns dissabores no plantel, porque alguns colegas ficavam inquietos pelo facto de ter sido solicitado por vários comerciais.
«Houve na altura um certo ciúme de alguns colegas pelo facto de algumas empresas terem me envolvido em publicidades. Os meus colegas de equipa pensavam que era o clube que me envolvia em comerciais. Mas afinal era vontade das empresas que apenas me tinham como preferência. Talvez seja por isso que a direcção do Young não me quer deixar sair. Eles vendem muito com a minha imagem», revelou.
Falando aos microfones do Bola Em Campo, Carlinhos fez saber, durante a entrevista, que na reabertura do mercado, em Janeiro deste ano, chegou a receber um convite de uma equipa da Ásia, mas a direcção do Young impediu as negociações.
«Em Janeiro houve uma equipa do Kuweit que apresentou uma proposta para me levar, mas não entendi o porquê que a direcção não negociou. Parece que eles querem, a todo custo, continuar a me ter no clube. Mas eu já os avisei que não vou renovar. Deixem-me ir embora para um outro lugar», desabafou.
DIFERENÇAS ENTRE A VPL E O GIRABOLA.
A cumprir a primeira época, Carlinhos é de opinião que a Premier League da Tanzânia é mais organizada em relação ao Girabola.
«Aqui o futebol é muito intenso. As equipas têm uma certa qualidade e querem sempre dar visibilidade ao jogo. É só olhar pela campanha que está a fazer o nosso maior adversário cá. Eles foram os primeiros do seu grupo, superando o Al ahly do Egipto e o Vita Club. Porém acredito que tecnicamente os jogadores do Girabola são superiores. Equipas como Petro, 1°de Agosto, Inter e Sagrada são superiores. Porque mesmo cá eu acompanho o Girabola e consigo perceber as diferenças entre a VPL e o Girabola», disse.
A VPL, a quatro jornadas do fim, Carlinhos acredita que ainda é possível sonhar com o título.
«Apesar de estarmos em segundo lugar, mas ainda assim acredito no título, vamos correr até ao último minuto. Queremos muito vencer o campeonato, embora não seja fácil, já que o nosso maior adversário ainda tem dois jogos em atraso. Mas vamos fazer a nossa parte», acreditou.
Por outro lado, Carlinhos acredita que o Petro, sua equipa do coração, pode ainda ser campeão do Girabola na presente época.
«Ainda é possível o Petro vencer o campeonato. Faltam ainda muitas jornadas. Cada jogo é um desafio a ser vencido. Desejo sorte ao Petro, clube pelo qual tenho muito carinho e sonho ainda jogar», concluiu.
Redacção Bola Em Campo.