O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou na tarde desta segunda-feira a Luanda, capital de Angola, para uma visita oficial de 72 horas. Acompanhado por uma comitiva de altos funcionários, Biden desembarcou a bordo do Air Force One e foi recebido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António.
A visita à Angola marca o fim de uma série de viagens internacionais do Presidente norte-americano. Biden destacou que Angola é um dos principais parceiros dos Estados Unidos no continente africano e reforçou o compromisso de estreitar os laços diplomáticos e comerciais com o país. Durante sua estadia, o presidente dos EUA visitará várias cidades angolanas, incluindo Luanda e Lobito. Em Luanda, ele será recebido pelo presidente angolano, João Lourenço, no Palácio Presidencial da Cidade Alta. No Lobito, Biden conhecerá o Parque Industrial do Grupo Carrinho e o Terminal do Porto local, importantes polos de desenvolvimento econômico do país.
Museu Nacional da Escravatura
Um dos momentos mais significativos da visita de Biden será sua ida ao Museu Nacional da Escravatura, localizado perto de Luanda, na terça-feira. A visita simboliza o reconhecimento do vínculo histórico e cultural entre os dois países, um legado que remonta ao tráfico de escravizados que, segundo historiadores, envolveu muitas pessoas oriundas de Angola. Acredita-se que africanos angolanos tenham sido responsáveis por uma das maiores parcelas dos africanos escravizados trazidos para as Américas, incluindo os primeiros a desembarcar em Point Comfort, Virgínia, em 1619.
Especialistas apontam que uma grande parte da população afro-americana tem ascendência angolana, o que confere aos Estados Unidos um forte vínculo com o país africano, especialmente quando comparado a outras potências globais, como a China, que competem pela influência em Angola, rica em recursos minerais e petróleo.
Legado Histórico e Cultural
Vladimiro Fortuna, diretor do Museu Nacional da Escravatura, ressaltou que o legado do tráfico de escravizados ainda não é amplamente discutido em Angola, em parte porque suas consequências não são tão visíveis quanto nos Estados Unidos, onde as disparidades raciais permanecem uma questão central. No entanto, ele acredita que as novas gerações de angolanos estão cada vez mais conscientes da importância de discutir essa história. Fortuna também revelou que há planos para a construção de um novo e maior museu da escravatura, previsto para ser lançado até o próximo ano.
Stephen Lubkemann, professor de antropologia na Universidade George Washington, observou que a visita de Biden é uma oportunidade única para reforçar esses laços culturais e históricos, estabelecendo um elo mais forte entre as duas nações. Ele também destacou que, entre os membros da delegação de Biden, está Wanda Tucker, uma descendente de africanos escravizados, cuja linhagem remonta ao primeiro navio que atracou em Point Comfort, um fato que ela tem explorado em várias visitas a Angola.
Impacto e Expectativas
A visita de Biden e sua presença no Museu Nacional da Escravatura são vistas como um marco nas relações entre os Estados Unidos e Angola. Além de simbolizar o reconhecimento do passado compartilhado, a viagem também reflete um momento de fortalecimento de laços comerciais, políticos e culturais, com a promessa de uma parceria ainda mais estreita entre os dois países.
A agenda de Biden em Angola segue com a promessa de mais encontros diplomáticos e visitas a locais de interesse histórico e econômico, reforçando a crescente importância de Angola no cenário global e nas relações com os Estados Unidos.