A Vida (morte) tem dessas”
O que você tem a dizer sobre a morte, o que você pensa quando ouve a esta palavra? Assusta, aterroriza, leva tudo numa boa ou nem sabe o que pensar? É, isso acontece as vezes ela nos paralisa em ideias.
É mesmo para dizer que ela é abstractamente concreta ou concretamente abstracta (desculpem-me o trocadilho).
Penso que ninguém consegue se acostumar com ela. Ela é fria, cruel, as vezes cautelosa, outras vezes nem tanto,morrer é absurdo as vezes chega a ser estupido. Ela é assim, e a gente não se acostuma com ela.
Um texto recente me fez reflectir sobre isso:
“Você combinou de jantar com a namorada ou o namorado, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa viajar, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um amigo? Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer. Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam para nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu ténis. Qual é? Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda ou rapaz dos seus sonhos, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha húmida no varal, e penduradas também algumas contas pra pagar. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu! Que pegadinha macabra da existência!!!
Você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça!”…Nunca teve e acredito que nunca terá.
Passamos anos e anos preocupados com coisas fúteis, superficiais, brigamos e nos distanciamos daqueles que amamos. Poucos tem a sensação de fazer das pequenas coisas um espectáculos para os olhos, fazer de cada momento uma vivência magica, enxergar o que as imagens não revelam e perceber o que os sons não traduzem, ver com os olhos do coração.
A vida é muito breve, tão breve como os raios de sol que surgem sorrateiramente na bela manha e se despedem sutilmente ao anoitecer sem deixar vestígios.
Para os sábios a brevidade da vida os convida a valorizar-la como um tesouro de inestimável valor.
Aprenda a valorize-la, antes que a morte te surpreenda e o espetaculo termine sem aplausos. Isso tudo chega a ser contraditorio você deixar uma plateia ovacionada e não pode estar presente para agradecer. A Morrer é um exagero vida (a morte) tem dessas!!!
Tento em conta esta realidade, me ouso em reescrever uma das frases mais conhecidas actualmente: “Quando a gente pensa que tem todas as respostas, vem a morte e coloca mais perguntas…”
By: Ell Lourenço colunista Platina Line