O actor angolano Celso Roberto, criticou a associação histórica dos actores negros brasileiros à personagens com menos teor de destaque.
O intérprete de Kiluanji Voss na novela “Windeck”, que está actualmente a ser emitida naquele país, falou sobre a relação da cultura brasileira e angolana.
“Os negros em novelas brasileiras ostentam constante mente posições subalternas, interpretando personagens de inferiores níveis sociais, raramente um actor negro interpreta um personagem socialmente bem sucedido ou de exposição destacada ”, argumentou.
“Há dias estive em uma conversa com um brasileiro que afirmou não haver razões para para que os personagens interpretados por pessoas negras sejam padronizados dessa forma. Acho que é importante, para os povos se unirem,apresentar extratos culturais de cada um na televisão.
É preciso lutar muito. De certa forma acho que devem criar uma produtora independente só para negros assim, deixamos de ver novelas apenas com brancos e passamos a ver novelas brasileiras com negros e brancos”, continuou.
“O que percebi é que o poder económico no Brasil está maioritariamente nas mãos dos brancos, então isso faz com que o negro, mesmo que tenha poder económico, seja minoria.
Os negros devem começar a apostar significativamente nesse sentido, lutar por eles mesmos. Eu ficaria muito triste se me dissessem que uma novela não atingiu grandes níveis por ter sido constituída inteiramente por negros. Se no futebol diz-se “não ao racismo”, porquê que na televisão não podemos lutar também contra isso? Acho que está na hora”, afirmou.
O actor lembrou também a relação dos angolanos e brasileiros. “Os angolanos identificam-se com as músicas brasileiras. Um dos ritmos muito populares em Angola é o semba, que partilha raízes com o semba. O brasileiro é angolano e o angolano é brasileiro, a diferença é que estamos em países diferentes”.
Falando sobre a sua experiência na telenovela “Windeck”, contou que a sua personagem obrigou-o a desenvolver técnicas profissionais. “A experiência em ‘Windeck’ fez-me crescer como actor e tive a oportunidade de obter novas experiências técnicas que antes desconhecia. Foi um projecto que abracei de corpo e alma e vivi a personagem Kiluanji como se fosse eu na vida pessoal”. Terminou o actor