Por: Hélio Cristóvão
Desde muito cedo, Maycon Clínton começou a cultivar o gosto pela moda, com apenas oito anos de idade, o modelo e empresário já desfilava nas actividades escolares, porém, aos 14 anos, começou a levar a carreira de modelo a sério. Com os altos e baixos na carreira, Maycon viu-se rejeitado por algumas agências na altura, mas o foco fê-lo continuar e seguir adiante. Em entrevista ao PLATINALINE, o Director da agência de modelos “Namib Pro Models” falou sobre as razões que o levaram a emigrar a procura de oportunidades de crescer e evoluir.
“Sempre sonhei conhecer novos horizontes, buscar novas oportunidades, porém nunca pensei deixar Angola, mas por falta de oportunidades, fui obrigado a ir atrás de outros mercados que, por sinal, fui bem recebido.” Disse.
Há treze anos que se encontra no Brasil, onde teve que aprender um pouco sobre a moda daquele país, o também modelo conta que fez parte de algumas agências onde teve a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre a moda, além de várias formações a respeito.
“Não foi fácil chegar onde cheguei, sei que estou muito perto do topo, mas foi preciso muita luta, persistência. Muitos altos e baixos pelo caminho. Recebi vários prémios da moda nacionais e internacionais, formei muitos modelos, a minha agência é hoje uma das melhores do estado de São Paulo.”
Se pensa que Clínton é apenas modelo e Director da sua agência de moda, engana-se, pois além do ramo da moda, Maycon é igualmente apaixonado pela arte de representar. O também actor frisou que fez algumas participações em trabalhos da Tv Globo como: Zorra Total, Casseta e Planeta, e Loucas pra Casar, da Globo Filme.
“Tive o prazer de trabalhar com Miguel Falabella, Ingrid Guimarães, Tony Ramos, Rodrigo Sant’ana, Alexandre Borges e muitos outros. Em Angola, quero um dia contracenar com Fredy Costa”, revelou.
Questionado sobre a razão pela qual os seus êxitos internacionais não são conhecidos no seu país (Angola), ele responde:
“A mídia angolana valoriza mais assuntos sobre a música do que a moda, e não só a mídia, mas a própria cultura em si quando é posta em evidência, não se faz sentir outras vastas áreas que a compõe. A moda não recebe a atenção e importância que tem como vimos em outros países como a África do Sul, por exemplo, onde o mercado da moda move milhões de dólares e todos que trabalham na área se tornam uma conjuntura e ganha o país. Entretanto, sempre procurei os meios de comunicação no país e muitas das vezes ignoraram, dizem que o assunto não é do interesse deles, uma vez procurei um portal, para falar sobre a minha carreira e as conquistas, um dos redactores simplesmente disse-me que não poderia divulgar minha matéria, pois uma certa dona de uma agência se sentiu incomodada. Isso quer dizer que existe uma selectividade dos que podem ou não ser noticiados e reconhecidos nos nossos meios de comunicação, precisa ter aval de gente de fora da redação e desde que não seja um concorrente, num mercado tão grande e praticamente virgem como Angola. É triste isso de ser abraçado em outros países e rejeitado no seu.” Disse, entristecido.
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“Pretendo voltar para Angola para abrir a Namib Pro Models Angola, que funcionará da mesma forma que a brasileira, no âmbito de fazer um intercâmbio cultural, claro que quero aprender e compartilhar um pouco do meu conhecimento que obtive no mercado internacional com os modelos angolanos. Não quero competir com nenhuma agência de Angola, quero somar e fazer o meu trabalho, estamos abertos a parcerias. Este é um dos meus projectos”, salientou.
Questionado sobre qual o melhor mercado para trabalhar e evoluir no ramo da moda, Maycon diz: “Não digo melhor ou pior, digo que em Angola temos bons modelos e estilistas, mas o problema é a falta de investimento do Ministério da Cultura, falta de boas faculdades de moda, os que estão à frente não ajudam os que estão a batalhar para chegar no topo, falta de apoio, incentivo cultural e recursos fazem com que o mercado angolano perca perante o mercado brasileiro. Mas penso que devemos buscar formas para contornar esses obstáculos, por esse motivo pretendo abrir a Namib Pro Models em Angola para que os que não têm oportunidade possam sonhar e realizar.”
Em Angola, esteve com o seu grupo de modelos, em 2017, e participou num evento organizado pela agência Show Models e CIA, tendo ainda a oportunidade de desfilar em alguns programas de Tv, porém planeja fazer mais desfiles no país e trazer investidores internacionais. “Ainda acredito na moda angolana, se tiver união entre agentes de moda, modelos e estilistas, chegaremos longe. Hoje ninguém caminha sozinho, devemos compartilhar ideias e colocar esses projectos em prática, precisamos ser ouvidos pelo Ministério da Cultura, ao meu entender, moda e cultura caminham juntos. Só a união fará com que sejamos fortes no nosso continente e no mundo, e devemos dar espaço para os modelos, sem ver a classe, cor ou gênero, temos que trabalhar por uma moda sem preconceito”. Finalizou.