O corpo de um bebé recém-nascido foi encontrado por moradores da rua Industrial, na cidade do Uíge, num contentor de lixo, com sinais de avançado estado de putrefacção. A criança, do sexo feminino, foi colocada entre sacos de lixo pelo menos três dias antes de ter sido descoberta, segundo o enfermeiro legista da Direcção Provincial do Uíge da Saúde.
Moniz Eduardo, que removeu o corpo sob a supervisão dos efectivos da polícia de investigação criminal, admitiu que o bebé tenha sido lançado para o lixo logo depois do parto, porque ainda estava ligado ao cordão umbilical. “Acredito que a progenitora teve dificuldades em cortar o cordão umbilical e, provavelmente, sentiu-se pressionada por uma situação qualquer que a obrigou a praticar o infanticídio”, sublinhou o enfermeiro.
Moniz Eduardo informou que, nos últimos meses, têm sido registados na província muitos actos criminosos do género.
“Esses actos são reflexo, claro e directo, da perda de valores morais e da banalização da vida humana pela sociedade, quando deveria ser um gesto de felicidade pela gestação de uma nova vida dentro da família”, disse a madre e psicóloga Adelina Afonso, que condenou o facto de muitas adolescentes terem actividade sexual sem olhar para as consequências que daí podem advir.
“A rapariga que praticou este acto não teve, provavelmente, o apoio dos parentes nem do companheiro, o que denota a irresponsabilidade do casal e das pessoas que vivem à sua volta”, lamentou.
A psicóloga referiu que é uma situação que gera um grave conflito interno e repúdio social, razão pela qual a Igreja, a família e as instituições do Estado devem assumir um papel mais activo para contornar esta tendência.