Por: Hélio Cristóvão
O artista angolano, residente em Portugal desde tenra idade, abordou em entrevista exclusiva ao PLATINALINE sobre assuntos de caracter pessoal, que gira em torno da sua orientação sexual no seio familiar, bem como a razão de adoptar o polémico nome “Judas”.
“O nome judas é impactante e polémico, e estas duas coisas sempre me atraíram muito”.
“Cresci num meio religioso e evangélico, onde tive de lidar com muitas questões até aprender a aceitar-me, ser como sou e deixar o julgamento alheio de lado. Quando adoptei o nome Judas senti que estava a apoderar-me de algo que sempre foi meu, e que me foi negado durante muito tempo”, justificou.
Questionado se a família aceita a sua forma de ser e de estar, enquanto artista, Judas sublinha: “Nunca aceitou, e raramente apoiou. Mas existe em mim muita gratidão pela minha existência… O amor que eu recebi e aquele que eu não recebi, e por ambos, sou grato”.
Apesar de lidar directamente com o público português durante toda a sua vida, Judas expôs a sua visão sobre a forma como os portugueses reagem a sua forma de ser e de estar e como os angolanos reagem de igual modo. “Sinto que reagem de forma parecidas: o público angolano é apenas mais directo. O público português dá a entender que aceita e que é super inclusivo, mas no fundo sabemos que os tabus ainda estão por serem quebrados. Mas… eu também estou aqui para isso. Portugal tem uma comunidade LGBT mais forte, o que ajuda muito.”
Para concluir, o artista fez saber que não se incomoda com os comentários xenófobos que recebe, principalmente na internet. “Para cada centena de comentários negativos há mil likes. A comunidade LGBTQIA+ será sempre alvo de críticas cruéis, de ameaças e de comentários desumanos. Mas como já disse, a minha performance começa pelo meu nome, que por si só é um prelúdio do ódio alheio e reação à minha arte”.