Doutor em neurociências e psicologia, Fabiano de Abreu em seu contributo à sociedade, garante que é possível ter um bom Natal mesmo com tantos acontecimentos ruins neste ano de 2020.
Fabiano de Abreu, neurocientista e psicanalista, aproveita o final do ano para dar umas dicas sobre os comportamentos que podemos alterar e com isso, tornar a nossa vida mais feliz e não tão conflituosa.
“Num momento em que a “atmosfera” negativa proporciona disfunção em nossos mensageiros químicos que controlam nossas funções físicas e psicológicas, não há outra alternativa que não seja a busca do controle emocional, mediante ao positivismo para um bom Natal e um ano novo de esperança.”, Inicia.
Para Abreu, a saúde mental é a base e quer demonstrar a importância de cuidar dela. Para isso, o neurocientista relembra o que podemos fazer e deixa um conjunto de dicas importantes.
“Minha contribuição para toda a nossa sociedade, a prezar pela saúde mental de todos, é apontar o necessário para que isso ocorra:
Uso da inteligência emocional – não há melhor remédio. O uso da região pré frontal do cérebro é essencial para tomada de decisões e no domínio para a positividade. Também no domínio das demais regiões cerebrais incluindo o sistema límbico onde se situa a amígdala, vigilante das nossas emoções e responsável por nossos instintos. Ela nos assegura a atenção para a vida, mas também não entende nem proporciona o tipo de perigo e, quando a ameaça é constante, como a atmosfera negativa que vivemos por exemplo, ela aciona a ansiedade que nos cobra soluções e quando não a temos, é quando nos causa a desordem. A inteligência emocional é justamente distorcer a emoção antes que ela domine.
Como usar a inteligência emocional:
1 – Buscar o lado positivo em tudo, mesmo em situações negativas, por exemplo, a doença trouxe problemas, mas aproximou famílias, fez repensarmos em nossas vidas, valores, entre outros. Para quem sofre o luto, toda dor pode ser amenizada com o tempo e com pensamentos.
2 – Experimente hábitos de um passado distante, desde a alimentação a comportamentos como estar junto à natureza, caminhadas, exercícios, desligar um pouco o celular, trazendo à tona o que está determinado em nosso código genético traçado por milhares de anos. Nosso organismo pede e sente falta desses hábitos.
3 – Autoconhecimento é primordial mediante uma meditação, um autocontrole e concentração que possa facilitar o controle da região racional do cérebro.
4 – Plasticidade cerebral, mediante a leitura, mudança de hábitos comuns, reforçando as sinapses neuronais. Um exemplo é escrever, escovar os dentes com a outra mão que não de costume, mudar os lados dos talheres, etc. Isso obriga regiões do cérebro a uma nova aprendizagem, reforçando as sinapses, melhorando assim a capacidade racional do cérebro para um melhor uso da inteligência emocional.
5 – O conhecimento é necessário para a organização e situação de pensamentos, é um mecanismo estratégico de métodos mediante a uma propriedade intelectual.”
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Pesquisador luso-brasileiro publica artigo contestando teoria freudiana
Neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu usa visão existencialista de Jean-Paul Sartre para contrapor conceito de psicanálise proposto por Sigmund Freud
O confronto entre as ideias de Freud e Sartre resultou no artigo do pesquisador, neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu, intitulado “O discurso sem palavra, Uma outra dimensão da linguagem”, recém publicado pela revista científica Latin American Journal of Development.
O objetivo do pesquisador é trazer à luz a linha psicanalítica proposta por Sartre, em que o sujeito é colocado em uma posição mais ativa em relação a sua própria vida, e, contrapô-la à visão de Freud, em que a psicanálise constitui-se como prática terapêutica de investigação de conteúdos recalcados na mente humana.
“Na visão existencialista sartriana o homem primeiro existe, se descobre enquanto ser, reconhece a sua existência no mundo e, apenas depois de todo esse processo, se define enquanto
indivíduo”, aponta. “Já para Freud, trata-se da análise das fases de desenvolvimento psíquico do indivíduo”, esclarece.
Desta maneira, segundo De Abreu, para apontar as semelhanças e oposições entre a psicanálise freudiana e a psicanálise existencial de Sartre, a pesquisa foi dividida em três momentos.
““Do existencialismo”, onde há explicações acerca da temática, “Da psicanálise”, explanação acerca da teoria freudiana e “Da psicanálise existencialista”, onde é possível averiguar as propostas, semelhanças e distanciamento entre as práticas”, detalha.
Ao longo do trabalho, De Abreu constatou que, apesar das duas correntes teóricas se contraporem numa amálgama de aspectos, é possível observar que, dentro da análise freudiana existe um desejo inconsciente de impulsão para a existência.
“A desconstrução do ser é fundamental para as nossas descobertas, dos desejos mais profundos que carregamos no simbólico, e, como dirá Lacan a posteriore, dessa maneira divergindo com o existencialismo de Sartre, onde o homem está condenado a liberdade e nada mais além”, indica.
Deste modo, o pesquisador conclui que, para além do discurso formulados pelas palavras ditas, na psicanálise há a importância do “Não Dito”, e que nenhuma teoria é capaz de, na visão dele, abarcar toda a subjetividade do comportamento humano.
“Somos singulares mergulhados em plural. A força da presença física em sua aparição e integralidade traz à tona uma outra dimensão da linguagem, um discurso sem palavras que nos faz além de saber, entender, “sentir” o toque da alma de “outro” sem se misturar”, finaliza.
O trabalho está disponível para consulta em: latinamericanpublicacoes.com.br/ojs/index.php/jdev/article/view/119/103. O pesquisador pode dar entrevistas para falar sobre o tema.