Por: Hélio Cristóvão
Tal como grandes nomes da música nacional e mundial, que tiveram o seu início da carreira musical cantando no coro da igreja, com D Costa não foi diferente, o artista que desde cedo foi notado nos grupos corais, conta que não foi difícil a escolha da música gospel, pois, nasceu e cresceu num lar cristão e no entanto acredita que as pessoas devem cantar ou escrever aquilo que diz o seu coração.
“No início, cantava apenas por cantar, sem definição de Gospel, era por gosto, na altura, no ensino médio, trabalhei com a banda IMIL no MAKARENCO, até que decidi cantar gospel e junto com mais três amigos criamos um grupo (AMJES), fomos cantando Gospel por Luanda a fora em igrejas e tivemos passagens por algumas rádios e programas de TV, até que viajei por motivos de estudos.” Contou.
Sobre o difícil consumo da música Gospel em Angola, o artista, que deseja espalhar a palavra de Deus por meio da sua arte, acredita que a maior dificuldade no Gospel tem sido a falta de abertura no que tem a ver com empresas de gestão de carreira musical, pois existem poucos artistas Gospel em Angola que são agenciados. “Isso talvez porque a percepção é que não rendas no Gospel, mas a realidade que vejo aqui na África do sul, por exemplo, é totalmente diferente, músicos Gospel possuem toda uma estrutura que proporciona grande qualidade e lotam eventos como qualquer outro artista”. Salientou.
PLATINALINE: Acha que o consumo de material Gospel é constante? Se sim, acredita que terá consumo em pelo menos mais 10 anos?
D Costa: Tem se notado sim o crescente consumo da música Gospel nos últimos tempos, talvez por causa da variedade de estilos musicais que hoje em dia passaram a ser aceites no universo Gospel que, de certa forma, faz com que a música chegue em mais estratos sociais e até mesmo que saia de dentro das igrejas para o mundo inteiro, que até artistas que normalmente fazem músicas que são mais comerciais passem a lançar algumas músicas do gênero Gospel porque conhecem a Deus, claro, e reconhecem Sua existência, por isso estou certo sim de que em 10 anos a música Gospel terá maior abrangência, mas até lá ainda há muito trabalho a fazer.
PLATINALINE: Pensa em voltar para o mercado Gospel angolano? Se sim, pensa em parcerias com angolanos do mesmo ramo?
D COSTA: Com toda a certeza, nos últimos dias, tenho estado a trabalhar forte nessa direcção, o último projecto que participei (BEAUTIFUL TRUTH) teve maior abrangência cá na África do Sul passando também pela Nigéria, por conter músicas em inglês e também pela minha presença no país, mas neste momento estou a trabalhar e, em breve começarei a lançar músicas mais viradas para o mercado nacional angolano, e claro que será um prazer trabalhar com outros músicos.
PLATINALINE: Como é o consumo da música Gospel “in South Africa”?
D COSTA: O consumo de música Gospel na África do Sul já se pode dizer que é bem satisfatório, o mercado Gospel aqui é bastante organizado e variado, faz-se em vários estilos, as empresas de música apostam nos artistas, há facilidade de publicação do material em plataformas de informação, as vendas são maioritariamente digitais e fazem-se ainda variados concertos quase sempre, o que faz com que as pessoas consumam o produto por ser de qualidade e estar bem na frente delas.
PLATINALINE: Acha que ser religioso influenciou directamente na escolha do estilo que canta?
D COSTA: Com toda a certeza. Tem muito a ver com a educação religiosa que recebi e com o que sinto e quero compartilhar com as pessoas.
PLATINALINE: Quais as dificuldades que encontrou no mercado em que se encontra agora inserido?
D COSTA: Quando se é estrangeiro num país, há que se trabalhar duas vezes mais, mas quando a gente mostra o que pode fazer, as coisas mudam para melhor, no princípio, foi difícil encontrar pessoas com quem trabalhar.
PLATINALINE: Encara muitos problemas de xenofobia no país em que se encontra?
D COSTA: Infelizmente, ainda se encontram alguns, o que é muito triste. O que não deixa de ser uma das maiores dificuldades de artistas estrangeiros.
PLATINALINE: Quem são os artistas que o inspiram?
D COSTA: Ouço muito o brasileiro Leonardo Gonçalves e o americano Travis Greene.