Esta sexta-feira, 26 de abril, o artista, rapper e ativista MCK, lança digitalmente dois novos singles: “A Corrupção Venceu” e “Gérmen, Pobreza Reproduzida” (feat Tio Hossi), cujo vídeo estreou na TV Zimbo esta quinta-feira, 25. Os temas precedem a edição do novo álbum Sementes, com edição digital prevista para o fim de maio.
Mais do que um rapper, MCK (Katrogi Nhanga Lwamba) é um crítico social e cultural. Atualmente, é advogado de profissão mas sempre foi uma “voz de denúncia, de consciencialização e de resistência”, como escreveu o jornalista Mário Lopes, no jornal Público, em dezembro de 2017. E foi sobretudo através do rap que MCK fez questão de colocar esses problemas sob os holofotes e exigir mudança.
A sua música incentiva à reflexão e convida à ação, a sermos agentes de mudança. O novo registo de originais “Sementes”, a editar em breve, é precisamente uma chamada de atenção para a atual situação política, económica e social da sociedade angolana.. Os singles que o músico estreia esta semana dão o mote para este novo trabalho.
Em ‘Gérmen, Pobreza Reproduzida’, MCK reflete mais uma vez sobre as assimetrias da sociedade angolana, desta feita representada pelas relações laborais. Nesta música, é evidenciada a precariedade laboral e as diferenças de tratamento entre “classes sociais”, definidas pelo estatuto económico. Esta realidade é transversal a toda a sociedade e conduz amiúde ao assédio moral e sexual, que se mantém muito por causa
da ausência de legislação que dignifique o trabalhador.
Sobre o tema “A Corrupção Venceu”, MCK explica:
“O combate contra a corrupção não é um capricho de um Presidente da República. É o ar puro e fresco necessário para a sobrevivência de um país e de um povo. A captura do Estado e a corrupção, sobretudo, depois de 2002, impediram a felicidade e prosperidade de um povo e uma nação.
A partir de 2017, houve esperança, houve mobilização social ao apelo político, houve entusiasmo. Hoje, seis anos passados, a esperança murchou, o desalento triunfou. Acabou a corrupção? Não. Houve um combate eficiente contra a corrupção? Não. O poder judicial esteve à altura do momento histórico de luta contra a corrupção? Não.
Os avanços nesse combate, a efectiva consciência dessa necessidade, existiram, mas não corresponderam ao oceano de intenções e ambições da população.
Existe um abismo entre retórica e prática. O sistema corrupto foi mais forte e adaptou-se aos novos tempos. No fundo, parece que alguma coisa mudou, para ficar tudo na mesma. A velha máxima do Príncipe de Falconeri mantém-se a regra, ontem como hoje.”