“Acho que no amor não tem essa de idade”, diz Glória Menezes
Muito diferente da sofisticada Marina (Paola Oliveira), linda, romântica e profissional de sucesso em Insensato Coração(Globo).
A diferença entre elas é que Griselda ganhou imensa mobilização nas redes sociais a favor de sua personagem, enquanto Marina foi rejeitada do início ao fim da novela pelo telespectador.
Não é a primeira vez. A personagem Diana, interpretada por Carolina Dieckmann, em Passione (Globo), foi outro exemplo de mocinha que não “vingou”.
O especialista em teledramaturgia, Claudino Mayer, autor do livro Quem Matou… O Romance Policial na Telenovela, diz que a protagonista mais velha é uma alternativa para as “mocinhas” chatas das novelas.
– O público quer ver gente mais madura, porque ele amadureceu. Nós tivemos uma grande evolução na mocinha das novelas, que agora ocupam um espaço que a mulher conquistou na sociedade.
Claudino está falando da heroína que é Griselda, mas que também é Maria do Carmo, em Senhora do Destino(Globo), ou uma Helena, de Manoel Carlos, vivida por Vera Fisher, Regina Duarte ou Christiane Torloni.
– As personagens novinhas vivem em função do grande amor. Griselda vai além disso. As protagonistas mais velhas estão preocupadas com a estruturação da família, não dependem de homens para existir na trama.
Paola Oliveira ou Carolina Dieckmann poderiam ser Griselda? Para o especialista, a mulher batalhadora nos seus 30 anos até existe na realidade, mas é difícil tornar essa personagem verossímil em uma novela.
– É difícil até pela estrutura da atriz, pela sua vivência.
Sem aposentadoria
Aos 69 anos, Maria Adelaide Amaral é a autora do remake de Ti-ti-ti (Globo) e minisséries de sucesso comoDalva e Herivelto – Uma Canção de Amor, A Casa das Sete Mulheres, Os Maias e A Muralha.
Para ela, “felizmente”, não existe aposentadoria para quem escreve e produz telenovelas.
– Existe talento. A cada ano que você vive entende mais a natureza humana e sua escrita se torna mais profunda e depurada.
A dramaturga percebe uma mudança na personagem madura do passado e na de hoje, e não é apenas o público quem ganha com esse amadurecimento.
– A diferença é que hoje em dia uma mulher de 50 ou 60 anos tem direito a uma vida afetiva e sexual. O que não acontecia no passado. E estamos cercados de atrizes e atores nessa faixa de idade que continuam muito atuantes na vida e na arte. Todo mundo ganha, pois são experiências somadas.