
Beatriz Lanard, na segurança dos seus 51 anos, é defensora de que o sexo ocasional “pode e deve acontecer”. Para a arquitecta, sexo é prazer e portanto ela está “sempre disponível, especialmente se o ambiente for privado e cosy”.
“Acerca da necessidade da valorização dos afectos, como em tudo, o absoluto não existe e posso apenas sublinhar que, tendencialmente, a mulher ainda valoriza mais os afectos do que o homem”, comenta o psicoterapeuta Moraes Sarmento.
Catarina Chade tem 30 anos e diz que o “sexo pode ser bom para a auto-estima, mantém-nos vivas, conecta-nos com o nosso corpo e com o do parceiro”. No estudo que realizou e que aguarda defesa pública, Vânia Beliz diz que “a maior parte das mulheres fantasiam quando se auto-estimulam e estão com os companheiros. Este comportamento incentiva o desejo e é o passaporte para atingirem mais facilmente o orgasmo”.
Susana Álvares, educadora, de 34 anos, para quem o sexo ocasional não passa de “junk food, que te satisfaz no momento, mas ficas sempre com vontade da refeição rica, sumarenta e saudável”, ainda não encontrou o mister right, mas nem se importa de esperar. “Entretanto, ajudo-me.”
E, de facto, hoje as soluções são mais do que muitas. A Maleta Vermelha repesca o conceito tupperware e transforma-o em erótico. Encontros tuppersexo, “em que criamos um ambiente acolhedor com velas, entre amigas, onde pretendemos que todas as mulheres se sintam bem”, explica Alexandra Leal, representante da marca em Portugal. Para que os tabus fiquem atrás da porta. “Desmistificamos, orientamos, porque há um grande desconhecimento anatómico”, comenta Alexandra. E depois oferecem toda a panóplia de brinquedos, porque os casais querem quebrar rotinas. “Desde pulseiras que se transformam em algemas, plumas que se mergulham em pó comestível até vibradores que parecem a Nossa Senhora do Rosário, temos tudo.” Só não há lugar para julgamentos. Vendem apenas a maiores de 18 anos, mas “há mães que usam estas reuniões como fonte de informação para as filhas porque falamos de forma clara, técnica e sem tabus, coisa que as mães não conseguem”. Uma realidade de que a sexóloga Vânia Beliz já se apercebeu. “É muito interessante ver as mães a levarem as filhas às lojas sensuais, motivando-as, para evitar que as filhas cometam os mesmos erros que talvez elas tenham cometido…”
A cliente mais velha da Maleta Vermelha, em Portugal, tem 72 anos. A sexóloga diz que “as mulheres mais velhas estão mais desinibidas. A maior parte passou por um período repressivo e agora, depois da família estabelecida, procuram reconquistar a satisfação sexual”. Wanda, aos 71 anos, reformada, ainda anseia por uma noite estrelada passada numa tenda, numa reserva natural africana, a ouvir ao fundo o rugido de leões…

POR QUE FAZEM SEXO?
Why women have sex é um livro lançado recentemente por Cindy Meston e David Buss, dois investigadores da Universidade do Texas, que perguntaram a mais de mil mulheres por que têm relações sexuais. Mais de 300 páginas de histórias íntimas na primeira pessoa, que revelam também um lado cru em que as razões mais esperadas, como “por amor” ou “por paixão” ficaram para o fim da lista, e “procriar” não foi além do 55.º lugar.
Muitas respostas das mulheres à pergunta “Por que fazem sexo?” são curiosas:
· Aliviar a dor de cabeça/enxaqueca
· Sentir prazer
· Por vingança
· Por romantismo
· Por pena
· Por rotina
· Por motivos financeiros (“Ele pagou o jantar”)
· Por estar aborrecida
· Por troca de um presente
· Para estar mais próxima de Deus
· Para evitar chatices ou discussões
· Porque é divertido
· Porque traz sentimentos de poder
· Porque a vida é muito curta para não fazer sexo!


VIAJE COM AMOR
Pegando na ideia de que é “quando tiramos férias ou viajamos que estamos mais abertos aos sentidos, a experiências, a aprender, explorar, tocar, cheirar”, Tatjana Sprick criou uma marca que anda pelo mundo e já chegou a Portugal. Time to Tease pode encontrar-se apenas nos mais arrojados hotéis e assenta na ideia de que “o luxo deve estar em cada momento da nossa vida, especialmente nos mais íntimos”, diz a fundadora da marca.
A ideia é distribuir sensualidade nos quartos dos hotéis para que os clientes não tenham de pedir. “Por que não haver acessórios eróticos ao lado do mini-bar?”, questiona Tatjana. Que até pensa em sexo seguro: “Devia haver caixas de preservativos disponíveis nos quartos, como cortesia do hotel.”
A escolha das colecções é criteriosa. “Optamos por provocar, amar, brincar, mas só representamos as mais sexy e distintas marcas do mercado. Os nossos produtos vão do bonito ao provocador”, e a marca tem a distribuição exclusiva de produtos da Jimmyjane (do famoso little something vibrator usado por Kate Moss), da Coco-de-Mer (visite o site), da Tenga (com o futurístico design japonês) ou da NewTree (chocolates com extractos afrodisíacos naturais). Viajar nunca foi tão sexy.
SEXO EM PORTUGAL
Vânia Beliz levantou-nos um pouco do véu sobre o estudo que realizou, com entrevistas a 2527 mulheres portuguesas, com uma média de 30 anos e habilitações superiores, cujo objectivo foi estudar as técnicas masturbatórias.
1. As mulheres tiram prazer da masturbação e fazem-no com regularidade
2. Estimulam-se de forma directa, com os dedos na zona clitoriana ou vaginal
3. Há cada vez mais mulheres a assumirem o uso de brinquedos sensuais
4. No início da descoberta masturbatória, as adolescentes revelam o uso de objectos quotidianos, como peluches e objectos fálicos, esfregando-os na zona clitoriana, o que comprova que a maior parte das mulheres não faz da penetração a técnica mais frequente
5. O estudo parece confirmar algo importante: há estimulação clitoriana durante a relação sexual, para que a mulher tenha mais prazer. “A maior parte reconhece a sua necessidade e já não dispensa os miminhos a este botãozinho de prazer”, explica a sexóloga








