Por: CAnga Tomás
Muitas figuras públicas têm uma vida muito controversa em ralação àquilo que nos mostram ser. Às vezes o sucesso acaba por ser o foco de muitos, que, depois de alcançá-lo, adquirem uma postura de indiferença para com os outros, até mesmo para com os seus familiares.
Normalmente nós filhos temos mais afecto pelas nossas mães, o que se justifica pela maternidade e por todo o carinho e afecto que delas recebemos desde o seu ventre, mas não nos devemos esquecer de que os nossos pais também são pessoas muito importantes e que, independentemente de alguma falha que essas pessoas possam ter cometido durante o nosso crescimento e convivência familiar, não acho sensato que paguemos pela mesma moeda quando adultos e independentes. Sei que às vezes os erros cometidos são “crassos” e quase que imperdoáveis, porém nada há de melhor do que se ter uma família unida e com paz.
Mesmo depois de já ter ouvido algumas coisas não muito boas sobre esse artista, ainda assim fiquei perplexo quando vi o seu pai a pegar um táxi, facto que me levou a pensar no sucesso que este jovem cantor faz em Angola e pelo mundo com a sua brilhante carreira e questionei-me: será que ele não tem boa relação com o seu pai!? Pois nada há de melhor do que partilhar as nossas conquistas com os nossos familiares, sobretudo os do primeiro grau, o que me pareceu não ser um facto na vida e no dia-a-dia dessa figura pública, que já fez dançar muitos angolanos com as suas Kizombadas.
O mais curioso ainda foi ter constatado que provavelmente o mais velho tenha ou esteja a ter problemas de memória, pois dois minutos depois de ter perguntando se o carro passava pelo Américo Boavida, ou pelas Bês, voltou a fazer a mesma pergunta e graças a Deus encontrou-se com um cobrador que, pacientemente, voltou a responder que sim, que o táxi lhe deixaria perto de onde queria ficar.
Acreditando no Karma, independentemente do que tenha acontecido nessa relação de pai e filho, como se costuma a dizer “pai é pai” e eu particularmente senti algum desagrado ao estar diante dessa situação, porque defendo que nós só estamos bem quando os nossos também estão. Podemos até dar uma que estamos e somos, porém, na hora de nos deitarmos, “a ficha cai” e aí percebemos que somos pessoas infelizes e que o nosso sucesso e todo o aplauso, mérito e prémio que alguma vez já recebemos tentam nos dar a paz de espírito e pôr-nos numa determinada classe social, contudo, na realidade, somos vazios por dentro, infelizes e que o nosso sorriso tem sido um grande disfarce para encobrir o quão solitário somos por dentro por falta de um abraço do nosso pai, de uma mãe, até mesmo de um irmão e outras grandes demonstrações de afecto mútuo, mesmo estando acompanhado por terceiros.
O tempo passa e talvez quando acordarmos do sono e acharmos que é a altura de cuidarmos dos nossos progenitores, a vida vá apresentar uma outra realidade que nos impedirá de o fazer. Se é ou tem sido difícil para esse artista cuidar do seu pai por algum motivo em particular, pois já pude constatar que cuida da sua mãe, que o cuide lhe dê amor pelo facto de ele ser o seu progenitor e uma pessoa cujo sangue tem e corre nas suas veias.
Mais amor entre as famílias, please!