No mês que a Academia Angolana de Letras dedica aos letristas, esta quinta-feira, 11 de Novembro, em saudação à passagem do 46a aniversário da Independência Nacional, as Conversas da Academia à Quinta-feira trouxeram o intérprete e compositor angolano Paulo Flores, sob moderação de um outro compositor, o músico Carlos Lopes.
A conferência, aberta a todo o público interessado, debruçou-se sobre a Vida e obra de Paulo Flores e contou com a já tradicional contribuição de renomados académicos e investigadores de Angola, Brasil, Estados Unidos da América, Moçambique e Portugal.
Paulo Flores falou do seu percurso artístico e do processo criativo, que incorpora vivências na composição, com fragmentos que vão rodando nele algumas imagens duma memória afectiva de lugares e vidas, que canta mas que vários deles nunca chegou a viver.
“É preciso fazer da cultura a nossa força, porque temos muito para transmitir ao mundo” – sublinhou o conferencista, tendo acrescentado que “temos que cimentar o nosso amor próprio, com conteúdos que sustentam esse amor pátrio, e dar aos nossos jovens motivos para sentirem orgulho de serem angolanos”.
Falando sobre o impacto interventivo da sua música na sociedade angolana, Paulo Flores referiu que está consciente do que alguns cidadãos esperam dele: “Querem muito que eu opine sobre política. Mas a minha arte é apenas arte, e não necessariamente uma mensagem contra o sistema vigente em Angola”, disse durante a video-conferência.
Sobre se a sua música, com mensagens muito incisivas, lhe terá provocado alguma pressão e se pôs em causa a sua segurança, Paulo Flores foi directo: “Tenho consciência que a minha música funciona como um bálsamo para muitos, mas nunca me senti ameaçado. Com o tempo e a idade fui ganhando maior noção da força das palavras, analisando melhor o que digo para não ser mal interpretado ou usarem mal o que digo. Claro que espero que isso não influencie a minha criação.”
A próxima conferência, agendada para o dia 18 de Novembro, sob moderação do empresário e agente cultural Yuri Simão, a partir das 19 horas, trará o letrista, compositor e intérprete Eduardo Paim, o “General Kambuengo” como também é artisticamente tratado, que falará sobre a sua vida e obra. Estão todos convidados.