Por : Hélio Cristóvão
“Só os fortes conseguem sobreviver neste país fazendo música”
As dificuldades que os artistas enfrentam em Angola é motivo suficiente de preocupação para encaminhar da melhor forma os seus filhos, pois ninguém mais do que eles mesmos conhecem as vicissitudes que o mercado angolano impõe.
Punidor, um dos mais conceituados produtores angolanos, falou ao PLATINALINE sobre o actual estado da produção em Angola e os seus componentes. O músico, que acarreta cerca de 20 anos de produção, desde a fundação do grupo “Génesis”, dá nota positiva à produção musical no país. “Poderia ter sido melhor. Além de músicos, somos humanos, e independentemente de qualquer situação, temos que nos reinventar, nos adaptar e criar sempre mecanismos de fazer a nossa profissão render“.
“Acredito que todos os produtores juntos continuam a produzir em prol do nosso music-hall e, mesmo com esta situação de Covid, continuamos a produzir e a colocar trabalhos no mercado, porque é a nossa profissão e a nossa fonte de sobrevivência”, acrescentou.
Questionado se já se vive de produção musical em Angola, o também compositor de sucessos afirma: “Já. Aliás, sou o exemplo disso. Não vou falar pelos outros, mas acredito que já se vive, pelo menos 89% do meu rendimento como cidadão e ser humano vem da música, tudo o que consegui na vida foi através da música“, revelou.
Apesar do país não oferecer há muitos anos políticas de rendimentos autorais e uma protecção que abra caminhos para os artistas se tornarem gigantes e viver da sua rentabilidade, Punidor considera ser dos poucos “privilegiados” que vê sustentabilidade no seu trabalho.
“Graças a Deus, faço parte de um número de pessoas que tem tido sucesso neste país, como intérprete, como produtor e compositor, sou muito grato a isso. Cada vez mais vou trabalhando e me organizando, na intenção de não me arrepender por ter me tornado músico nesse país. Não aconselho nenhum filho meu a ser artista (músico), mas respeito e apoio se ele quiser ser”.