O reinício das aulas em Angola, suspensas desde Março último, por causa da Covid-19, continua a depender da estabilização da pandemia, afirmou, terça-feira, a ministra da Educação.
Ao intervir no espaço Grande Entrevista, da Televisão Pública de Angola (TPA), Luísa Grilo disse que, quando baixarem os índices de contaminação e o Ministério da Saúde garantir a redução da possibilidade de contágios, poderão ser reabertas as escolas.
O retorno dos alunos à escola está sujeito à observância das regras de biossegurança e de distanciamento físico, a desinfestação e ventilação constante das salas de aulas.
De igual modo, as escolas devem criar condições para evitar a lotação das salas, dividindo os alunos por turnos reduzidos, e dispor de água permanente para a lavagem das mãos.
Devem fazer a gestão de resíduos segundo as regras de biossegurança, incluindo o esvaziamento diário dos recipientes de resíduos e a disponibilização de recipientes higienizados ao começo de cada dia de actividade lectiva.
Estão, também, orientadas a fazer a renovação frequente do ar nas salas de aulas, preferencialmente com as janelas e portas abertas, além de encerrar espaços não necessários à actividade lectiva, como cantinas, refeitórios, salas de apoio, salas de convívio de alunos e outros, enquanto houver pandemia.
Outra medida obrigatória passará a ser a redução da lotação em 50 por cento das bibliotecas, laboratórios e salas de informática.
O cumprimento de todos os pressupostos tem exigido, em muitos casos, investimentos de última hora, particularmente nas escolas que não dispõem de água canalizada.
“Não tomaremos nenhuma decisão sem o parecer do Ministério da Saúde. A última palavra será sempre do MINSA”, reforçou a ministra da Educação.
Conquanto, para o êxito do processo de retoma gradual das aulas, informou que os professores estão a ser capacitados, com o apoio do MINSA, sublinhando que “a preocupação de contágio deve ser mútua”.
“Quando se fala de reabrir as escolas, as pessoas ficam preocupadas como se a escola fosse o único lugar de contágio, mas essas pessoas vão aos mercados, supermercados, às lojas, ao trabalho e podem trazer o vírus para casa. Portanto, não é só na escola”, declarou.
Luísa Grilo sublinhou que a escola pode ser um sítio de propagação rápida, mas não é o único para se contrair o coronavírus.
Segundo um programa elaborado pelo Ministério da Educação (MED), os professores irão trabalhar de forma alternada e durante duas horas e meia.
“O programa prevê aulas presenciais três vezes por semana. As aulas serão complementadas pelo ensino à distância”, adiantou a governante, sem apontar datas.
Luísa Grilo descreveu três tipologias de ensino possíveis, nomeadamente a semi-presencial, para o ensino primário, o intermediário, em que os encarregados deverão passar pelas instituições escolares para pegar a matéria, e o mediatizado, em que as aulas serão gravadas em pequenos dispositivos.
A ministra reafirmou que, para já, este ano lectivo não será anulado.
Comparticipação no ensino secundário
Luísa Grilo avançou, por outro lado, que no ensino secundário deverá haver cobrança de taxas de comparticipação.
“Folha de prova, matrícula, confirmação de matrícula, justificação de faltas, etc”, indicou, sem mais detalhes sobre a questão.
Dados disponíveis indicam que o sector conta com 18 mil e 297 escolas (com 97 mil e 459 salas de aulas em funcionamento), estando matriculados mais de 10 milhões de alunos do ensino primário, I ciclo do ensino secundário e II ciclo do ensino secundário. O sector conta com 200 mil professores.