Por: Stella Cortez
Familiares, fãs e apreciadores da música angolana, do Semba em específico, acordaram com mais uma triste notícia, morreu na manhã desta quarta-feira, 12, na Clínica Girassol, uma das vozes mais respeitadas da música nacional nas últimas décadas, o cantor e compositor Carlos Burity. “É sempre difícil, nunca nos vamos acostumar com as perdas, principalmente aquelas que fazem parte do nosso quotidiano”, disse, visivelmente consternado, Euclides da Lomba, Director Nacional da Cultura.
Enquanto cantor, Carlos Burity deixou patente, nas suas composições, que defendia o acervo laivo da modernidade e inéditas propostas de instrumentais que assentam na expressividade artística e vivências directas da cultura dos musseques luandenses.
“A cultura nacional acaba por ficar muito mais pobre, porque em uma semana perdemos dois artistas de grande dimensão. Carlos Burity é uma figura que, efectivamente, aprendemos a conviver com ela. Nós temos a sorte de partilhar com gerações que puderam testemunhar a grandeza e a generosidade desse filho exímio desta pátria e que contribuiu para que pudéssemos consolidar ainda mais a nossa angolanidade e o nosso vínculo por aquilo que nos é mais querido”, disse.
Euclides destacou, ainda, que a música é daquelas disciplinas que continuará sempre presente em todas as etapas da evolução e essência dos angolanos como nação, acrescentando que o Ministério da Cultura, felizmente, ainda foi a tempo de homenagear Waldemar Bastos com o Prémio nacional de Cultura e Artes, em 2018, porém Carlos Burity não teve o mesmo privilégio.
“Inacreditavelmente, Carlos Burity não teve nenhuma relevância em relação a sua contribuição cultural, são essas ‘injustiças’ que às vezes acabamos por não entender muito bem os homens, efectivamente aquilo que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa. Falar de Carlos Burity é uma responsabilidade e vamos sentir esse peso de talvez não o termos galardoado com o grande Prémio Nacional de Cultura e Artes. Estamos a preparar um programa específico, vamos analisar as formas de como o Ministério vai auxiliar para que no sábado possamos render o devido tributo, talvez aconteça no pátio da União dos Escritores Angolanos.” Concluiu.