A selecção nacional sénior masculina de basquetebol inicia esta terça-feira, em Abidjan (Côte d’Ivoire), a sua campanha tendente ao resgate do título africano, em posse da Tunísia, defrontando (às 21:00) a similar de Cabo Verde, no Palácio dos Desportos de Treichville, em partida da primeira jornada do grupo C do Afrobasket2013.
Após três meses de trabalho na procura dos maiores índices de competitividade, é chegado o momento de Paulo Macedo, seleccionador estreante em afrobasket, e comandados materializarem o idealizado pela federação angolana da modalidade (FAB), instituição que assume ser o primeiro lugar deste torneio a forma mais dignificante de o país garantir presença no mundial de 2014, na Espanha, onde vão os três melhores classificados.
A tarefa presume-se dificil, tendo em conta o potencial e o mesmo objectivo dos adversarios, mas não impossível, pelo que o conjunto nacional constituído pela maioria presente na edição anterior e reforçado com o norte-americano nacionalizado Reggie Moore, além dos regressos de Olímpio Cipriano e Carlos Almeida, vê-se na “obrigação” de esgrimir argumentos e qualidade suficiente para coorresponder o desejo da nação.
O “trunfo” para o sucesso do grupo, no qual estreia-se também o base Hermenegildo Santos, poderá estar somente no grau de entrega dos atletas ao “trabalho, força de vontade, humildade, atenção e respeito pelos adversários”, até porque capacidade técnico-atlética há muito que os angolanos demonstraram possuir. Líder do ranking com 10 troféus ganhos, Angola detém ainda a hegemonia do basquetebol africano.
Recolocar a modalidade no lugar do pódio em que habituou seus amantes (topo) e assegurar a onda vitoriosa da equipa para não quebrar o ciclo de participação regular em provas internacionais, onde o país é digno “embaixador” de África, constitui peso na balança de Paulo Macedo, nesta sua primeira “aventura” a frente de uma selecção.
O facto de somente dois dos 12 jogadores terem experimentado desafio semelhante (resgate do título), aliado a pressão, mesmo à distância, dos exigentes adeptos angolanos é outro aspecto a ter em conta, embora Angola seja teoricamente superior aos oponentes da fase inicial.
Depois do quarto jogo na história com os cabo-verdianos (todos ganhos pelo cinco nacional), a selecção nacional defronta na etapa de grupos Moçambique, dia 22, e dois dias mais tarde a República Centro Africana (RCA), que tem melhorado a cada prova na tentativa de resgatar a mística dos anos idos quando tinha nas suas fileiras nomes como Frederick Goporo (actual seleccionador) e Anicet Lavodrama, conhecidos na história do basquetebol no continente.
Fora estas equipas, a prova envolve outras mais rotuladas com as quais os angolanos devem ter maior atenção nesta sua campanha, nomeadamente as “crónicas” candidatas Tunísia (campeã em título), Cote d’Ivoire (anfitriã) e Nigéria, possuidora de grandes talentos, mas que nunca logrou vencer a taça e tanto almeja nesta 27ª edição.
Cientes das responsabilidades e obstáculos a encontrar, seleccionador e atletas têm estado a convergir os discursos na irreversível batalha pela reconquista do trofeu, num grupo em que apenas Carlos Almeida, actual capitão, e Kikas Gomes (sub) prticiparam em 1999, no Afrobasket de Luanda, do resgate do ouro que tinha sido perdido em 1997, em Dakar, para o Senegal.
Na altura, a dura, mas nobre, missão fora “suportada” ainda por jogadores de outra geração como Jean Jacques (melhor africano de todos os tempos), Aníbal Moreira, David Dias, Ângelo Victoriano, Herlander Coimbrano e Victor de Carvalho, sem esquecer os mais novos craques da era Miguel Lutonda e Edmar Victoriano “Baduna”, todos já “aposentados”.
Por Valentim de Carvalho