Um tribunal saudita condenou uma mulher a 45 anos de cadeia por, alegadamente, ter afetado o país através da actividade que mantinha nas redes sociais, indica um documento oficial obtido hoje pela Associated Press.
Trata-se da segunda sentença do género no reino saudita este mês. No entanto, ainda não se conhecem muitos detalhes sobre Nourah bint Saeed al-Qahtani, presa desde 2021, pertencente a uma das maiores tribos da Arábia Saudita e que supostamente tem um historial de “activismo”.
Um documento do tribunal consultado pela Associated Press e por grupos de defesa dos direitos humanos indica que a acusação e a sentença têm como base o uso das redes sociais, mas as autoridades sauditas recusam-se a prestar informações e explicações. Esta sentença ocorre depois da saudita Salma al-Shehab, estudante de medicina em Leeds, Inglaterra, ter sido condenada a 34 anos de prisão em Riade igualmente pelo uso “indevido” das redes sociais.
O caso de Salma al-Shehab tem sido denunciado por organizações não-governamentais em todo o mundo. De acordo com a Associated Press, o tribunal saudita que condenou Nourah bint Saeed al-Qahtani a 45 anos de prisão evocou a legislação contra o terrorismo e contra crimes informáticos durante o julgamento.
Segundo os documentos a que a Associated Press teve acesso, os juízes consideraram que a mulher “afetou a coesão social” e “destabilizou o tecido social”. Os mesmos documentos, indicam que os juízes consideram que al-Qahtani cometeu ofensas contra a ordem pública através da informação difundida pelas redes sociais”.
Ainda não se conhece o conteúdo das publicações de al-Qahtani que foi detida no dia 04 de julho de 2021, de a acordo com a organização Democracy for the Arab World Now (DAWN), com sede nos Estados Unidos.
A Freedom Initiative, uma outra organização de defesa de direitos humanos com sede nos Estados Unidos, considerou “inaceitável” a sentença de al-Qahtani. As sentenças pelo uso das redes sociais renovaram a atenção sobre a repressão exercida pelo regime de Riade.