Restos mortais de Bangão foram hoje a enterrar no Alto das Cruzes
Os restos mortais do músico angolano Bernardo Jorge “Bangão” foram nesta quinta feira a enterrar, no cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda. O artista morreu neste domingo (17) na África do Sul vítima de doença.
O programa das exéquias reservou uma missa de corpo presente que teve lugar no pavilhão da Cidadela Desportiva.
Os grupos carnavalescos Kiela e Kabocomeu, do Distrito Urbano do Sambizanga, juntaram-se, para receber as pessoas que foram ao Cemitério Alto das Cruzes, para o último adeus ao filho Bernardo Jorge Correia “Bangão”, uma das maiores referências do Sambizanga, que foi a enterrar na tarde desta quinta-feira.
Eram 13h35, quando o corpo do malogrado entrou para o cemitério, onde foi recebido por mais de mil pessoas, com lágrimas nos rostos, a entoarem algumas das músicas como “kakixaca”, “fofucho”, “”kibuikila”, que fizeram e fazem as delicias dos amantes da música angolana.
O Cemitério do Alto das Cruzes e arredores foi pequeno demais para a moldura humana que esteve presente na despedida do “professor do semba”, como era chamado Bangão.
A urna desceu ao buraco às 14h00, depois das leituras dos elogios fúnebres da UNAC e dos familiares do cantor, envolta de choros, abraços, enquanto o cantor Tino Silva cantava algumas músicas de Bangão.
A cerimónia contou ainda com as presenças da ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, o governador de Luanda, Graciano Domingos, o presidente da Comissão Administrativa de Luanda, José Tavares, o presidente da UNAC, Arnaldo Calado, representantes de partidos políticos, deputados da Assembleia Nacional, familiares, amigos e colegas de profissão.
Com 36 anos de carreira, Bangão pisou pela primeira vez um palco a 18 de Outubro de 1978, como elemento do grupo os Gingas.
Na sua carreira artística passou pelo agrupamento “Tradição”, em 1974, que integrava, entre outros, Alaito (tumbas) e André Lua (voz).
O ano 2003 consagrou Bangão como um dos maiores intérpretes da música popular angolana. Neste ano, no Top Rádio Luanda, ganha os prémios da música do ano, com o tema “Fofucho”, voz masculina do ano e é reconhecido com o prémio preservação pela sua incessante defesa da música popular angolana.
Em 2005 venceu o Top dos Mais Queridos, da Rádio Nacional de Angola (RNA).
Nascido a 27 de Setembro de 1962, no bairro Brás, no actual distrito urbano do Sambizanga, em Luanda, Bangão integrou entre 1976 a 1977, como vocalista, o grupo Processo de África, com Guncha (tumbas), Artur Décimo (viola baixo), Alaito (bateria) e Abílio (viola ritmo)