O Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR) confirmou, recentemente, a liderança do bispo Valente Bizerra Luís na Comissão de Reforma da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD Angola).
Em carta endereçada àquela instituição religiosa, a 17 de Novembro último, o INAR declara que, para efeitos de legalidade da liderança da IURD Angola, é suficiente o Diário da República, III Série, número 129, de 26 de Novembro de 2020.
Deste boletim oficial do Estado consta a Acta da Assembleia-geral Extraordinária, de 24 de Junho, e o Termo de Certificação de outros factos, emitido pelo quarto Cartório Notarial de Luanda.
O Diário da República confirma a eleição dos representantes da IURD Angola e confere poderes ao coordenador da Comissão de Reforma, Valente Bizerra Luís, para representar a igreja de origem brasileira em Angola.
Conforme o documento, a que a ANGOP teve acesso nesta segunda-feira, o conselho consultivo é integrado pelos bispos, pastores, obreiros e membros da igreja subscritores do memorando da criação da comissão de reforma.
A publicação oficial refere que Valente Bizerra Luís tem a incumbência de representar a igreja nos vários organismos estatais, associações civis, públicas e privadas, bem como negociar, receber bens, meios e serviços conexos.
A crise na IURD em Angola resulta de profundas divergências entre pastores e bispos angolanos e brasileiros sobre a gestão dessa instituição, com queixas de humilhações, injustiças e discriminação apresentadas por angolanos.
Instalado a 28 de Novembro de 2019, com a divulgação de um manifesto crítico à direcção da igreja no Brasil, o conflito agudizou-se em Junho deste ano, quando pastores e bispos se envolveram numa intensa troca de acusações e agressões físicas.
Desde a ocorrência, registada em diversas províncias do país, a Comissão de Gestão assumiu o controlo de dezenas de templos.
Na altura em que se deu o primeiro sinal da crise, 320 pastores e bispos acusaram os ex-parceiros brasileiros de várias irregularidades e, a partir daí, a situação degenerou num braço-de-ferro pela liderança da IURD no país.
Dos principais factores do conflito saltam à vista, segundo o manifesto, a exigência da prática da vasectomia aos pastores angolanos, abortos forçados, racismo, alienação de mais de metade do património da igreja, branqueamento de capitais, e evasão de divisas para o exterior.
O manifesto denuncia ainda a falsificação da acta de eleição de órgãos sociais da IURD, a emissão de procurações com plenos poderes a cidadãos brasileiros para exercer actos reservados à assembleia-geral.
Constam ainda das acusações a proibição às mulheres de pastores de terem acesso à formação académico-científica e técnico-profissional, irregularidades no pagamento da segurança social e falta de projecto de desenvolvimento pastoral em formação teológica específica.