Depois de chamar a atenção de todo o planeta com o single “Born This Way”, o que Lady GaGa poderia fazer para continuar com todos os holofotes apontados para si? A cantora não pensou duas vezes: resolveu alfinetar, mais uma vez, o cristianismo. Lady GaGa só se esqueceu de que deveria utilizar a criatividade que economizou no momento de polemizar gratuitamente utilizando o nome de “Judas”, traidor de Jesus Cristo, segundo a bíblia, nos demais elementos do single. Não existe nada mais piegas do que tentar ganhar mídia com base em picuinhas gratuitas com a igreja, que sinceramente, faz muito bem em ignorar as atuais tentativas de polêmicas com base em seu nome.
Se Lady GaGa conseguiu produzir um bom primeiro single para seu novo álbum, mesmo que utilizando elementos historicamente conhecidos e reciclados, na segunda faixa de trabalho, ela não conseguiu acertar na fórmula da bricolagem.
“Judas” é uma espécie de rascunho de um antigo single da cantora, “Bad Romance”. Mas é daqueles rascunhos que você deve olhar, perceber que não ficaram bons, e simplesmente descartar. A fórmula segue a linha idêntica da versão original: pós refrão, gancho, verso um, pré refrão, refrão pegajoso, pós refrão,verso 2, refrão pegajoso, pós refrão, gancho bridge, refrão pegajoso e fim.
A diferença entre “Bad Romance” e “Judas” é que a primeira tinha um refrão forte, elementos musicais chamativos e a produção foi eficaz: exatamente tudo o que “Judas” não tem.
Lady GaGa já prometeu, para seu novo álbum, mais faixas sobre Maria de Nazareth e sobre Jesus Cristo. Um erro iminente para a cantora, que foi consagrada e glorificada pelo grande público quando cantava canções dançantes sobre temas menos desesperados por atenção, como vimos em “Just Dance” e “Poker Face”.
Ser politicamente ativa e querer passar mensagens relevantes com seus trabalhos é, sim, algo positivo. Mas Lady GaGa já cruzou a tênue linha do politicamente relevante há tempos e, hoje, faz parte do time dos politicamente desesperados e pedantes. Nada irreversível. Ainda.