Por: Stella Cortêz
“Para mim, é uma grande satisfação! Devo dizer ao povo angolano que temos competência e devemos ser reconhecidos não só no exterior, mas também em Angola,” destacou a médica Neonatologista da Maternidade Lucrécia Paim, Elisa Gaspar, quando falava do quão feliz se sente por ter sido distinguida pelo Estado de Pernambuco (Brasil), fruto de um trabalho desenvolvido sobre a Malária Congênita.
Um prémio internacional e curiosamente por um trabalho elaborado em Angola, que é sobre a Malária Congênita (transmissão vertical da malária que passa da mãe para filho). Fiz o mestrado no Brasil, mas o trabalho foi feito em Angola. Os primeiros testes e amostras de análises foram realizados na Maternidade Lucrécia Paím, o segundo no Laboratório Nacional de Saúde Pública, e o outro conjunto de amostras foi feito no Estado de Recife, em dois laboratórios diferentes,” explicou Elisa Gaspar.
A médica disse ainda que a pesquisa foi concluída em 2009, fez uma defesa pública e passou com distinção e não esperava que um trabalho feito para Angola lhe levaria a uma premiação no território brasileiro. Mas, felizmente, foi chamada às pressas para ser homenageada e receber o prémio pelo trabalho sobre a transmissão vertical da malária na maternidade Lucrécia Paím.
“Lembro-me que quando vim com o resultado do estudo, entreguei ao Ministério da Saúde e em outras entidades competentes em Angola, porque o objectivo era continuar a fazer a pesquisa em Angola, particularmente em províncias onde tivesse mais Malária, para podermos fazer a prevalência da Malária Congênita em Angola. Mas, não fui compreendida e nem entendida, antes pelo contrário, as pessoas colocaram-se contra mim, a dizer que era um programa da Malária e que não era para eu fazer. As pessoas não entendem que a ciência qualquer um pode fazer, eu fiz esse trabalho e as outras pessoas também podem fazer”.