Portugal tinha muito pouco a ser favor à entrada para esta final. Há muito que era o patinho feio da competição, depois de se apurar para os oitavos-de-final sem qualquer vitória e no terceiro lugar de um grupo tido como muito fácil.
E isto era apenas o presente. A história entre Portugal e França era negra para a seleção nacional. Dez derrotas consecutivas, incluindo três meias-finais de fases finais. Como se não bastasse, França jogava em casa e tinha eliminado convincentemente a Alemanha. À partida, era um jogo só para cumprir calendário.
E a sorte andou de braço dado com os franceses, para desespero de Portugal, que viu Ronaldo sair lesionado ainda na primeira parte. Com os dados lançados desta maneira, só um jogo de muito sacrifício, um São Patrício inspirado e uma pontinha de sorte poderiam colocar Portugal com as mãos na Taça. E uma arma secreta a quem muitos chamaram, no auge da sua simpatia, “pino”.
Nada de muito impossível. França teve o controlo do jogo, mas sempre dentro daquilo a que Portugal já estava habituado e que tinha planeado com mestria, não fosse Fernando Santos um engenheiro de papel passado.
A vitória de Portugal começou na sua baliza, com Rui Patrício a defender tudo e mais alguma coisa, sem pestanejar. E quando não foi Patrício, como naquele lance de Gignac a acabar os 90 minutos, o poste tratou de tranquilizar Portugal. De sofrimento em sofrimento, a esperança crescia.
Portugal não se fez rogado e aos 108 minutos Raphaël Guerreiro atirou um livre à trave para desespero dos portugueses, ainda que de curta duração. Mas é preciso recuar ao minuto 79 para encontrar a chave do jogo, quando Fernando Santos preocupou a nação, ao tirar Renato Sanches para fazer entrar para o seu lugar Éder. Exatamente 30 minutos depois, e pouco após do livre de Guerreiro, Éder encheu-se de confiança e, de fora da área, marcou para Portugal. Estava feito o 1-0.
Até ao final foram mais 11 minutos e uns pozinhos de um sofrimento incalculável, com Ronaldo a assumir o papel de treinador adjunto. Mas valeu tudo a pena, Portugal é campeão da Europa.