A visão do ser humano numa época, era pautada pelo aforismo PENSO LOGO SOU. Descartes tinha certeza de que a única certeza do qual tinha certeza é que ele era um ser racional, e nesse ponto ele não usou a dúvida metódica. Hoje se perguntarmos ao qualquer cidadão de sã consciência sobre quem ele é, provavelmente dirá seguinte: respondo pelo nome de sicrano, mas sou mais conhecido por beltrano e o meu facebook está como fulano.Assim, a visão do homem hoje encaixar-se-ia não mais na frase de Descartes, mas nesta SE SOU CONHECIDO LOGO EXISTO.
O SER, simplesmente pelo fato de SER constitui um grande dilema hoje, pois o sujeito pelo ser já não se basta, deverá EXISTIR, isto é prender-se no processo contínuo do vir a ser numa construção e desconstrução das relações e interações com os demais e consigo mesmo.
O EXISTIR torna-nos um SER, mas isso não nos torna CONHECIDOS. Portanto, o amarfanhado entre o SER o EXISTIR, por si só exige o O SER CONHECIDO, para fazer-se sujeito na sociedade Moderna. Todos querem não apenas EXISTIR, mas SEREM CONHECIDOS, ainda que para isso envolva roubo, estelionato, latrocínio, parricídio, furto, ou qualquer outro atentado à vida, à moral e os bons costumes de convivência social.
O SER CONHECIDO oferece-nos múltiplas possibilidades e criamos perfis mais perfeitos possíveis no facebook, postamos no instagram as fotos mais lindas, os momentos mais coloridos, e todos viramos pensadores, poetas, temos opiniões para tudo. Todos somos modelos, fotógrafos ou manequins o requisito é único ter um celular android e o objetivo é comum fazer tudo para alcançar O SER CONHECIDO.
O SER CONHECIDO é tão necessário atingir, que para ganhar-se sangue no hospital tens de SER CONHECIDO, se quiseres que a tua morte seja antecipada nas redes sociais tens de ser conhecido.
O SER CONHECIDO faz tudo parecer novo e único. Assim, a morte de um ser conhecido parece um holocausto, assalto a um ser conhecido é publicado como atentado terrorista. Portanto se quiseres atingir o SER CONHECIDO não se defina como Descartes, “PENSO LOGO SOU”, pois o pensar hoje não basta sobretudo numa sociedade como Luanda. O que se deve fazer é usar do seguinte silogismo “ Se sou então existo é porque sou conhecido, pois existir é ser conhecido” Caso contrário podes morrer que a tua morte será lamentada menos que de um mosquito.