O vice-presidente do Comité Científico Internacional para o Projecto “A Rota dos Escravos, Simão Souindoula, defendeu, quarta-feira última, no espaço de debates “Maka à quarta-feira” da União dos Escritores Angolanos (UEA), a implementação de um projecto científico nacional com vista a reconfigurar a actual imagem física da Rainha Njinga Mbandi.
Simão Souindoula que falava durante uma palestra sobre “A Reapropriarão da Figura da Rainha Njinga Mbandi”, no quadro do 378o aniversário da sua morte, que se assinala a 17 de Dezembro deste ano, referiu que a fisionomia de Njinga Mbandi conhecida actualmente é fruto de “pseudo-retratos” elaborados por investigadores europeus e americanos, o que na sua óptica “não correspondem detalhadamente aos seus traços físicos”.
O historiador argumentou que já se tornou urgente a implementação de estudos científicos para que se chegue, no mínimo, o mais próximo possível à imagem real da figura da Rainha.
Recordou que existem hoje recursos científicos capazes de ajudar os estudiosos a romper esta curiosidade. Solicitou, de igual modo, a intervenção de investigadores e do Executivo angolano para a execução deste projecto que, no seu entender, poderá despertar o interesse dos jovens pelos “emblemas” da história de Angola.
A escolha do tema abordado sobre a história de Angola além fronteiras enquadra-se na declaração feita este ano pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a qual consagra o ano de 2011 às populações Afrodescendentes, coincidindo com o 378o Aniversário da morte da Rainha Njinga Mbandi.
Umas das razões que levou ao debate e à reflexão do tema, segundo o orador, é o facto de extractos da epopeia de Ngola estarem patentes em vários museus de raiz africana, como o DuSable de Chicago, onde há um pseudo retrato da filha de Kengela–ka–Nkombe, adolescente.
A par disso, o Museu de Jamestown, na Virgínia, reproduziu e expôs, numa das galerias, uma réplica da estátua de Kiluanje, idêntica a que esteve no largo Quinaxixi, em Luanda.
Ao nível da produção literária, destaca-se o romance “Nzingha: Warrior Queen of Matamba”, de Patrícia C., cuja principal singularidade é a ilustração da capa que propõe um novo pseudo retrato da filha do rei Ngola Mbandi, elaborado pelo desenhador francês Henri Galeron.
O historiador recordou ainda que nos Estados Unidos a comunidade melano-africana se apressou a assumir a longa e exemplar resistência daquela que foi soberana do Ndongo, logo em 1623 e a partir de 1630, da Matamba.
Participaram na palestra estudantes, membros da Brigada Jovem de Literatura e outros convidados.
Via Jornal o Pais